Eu me chamo Antonio

quinta-feira, 16 de abril de 2015

A Bahia por Gregório de Matos



Disponível em: 
<http://www.sardenbergpoesias.com.br/homenagens/gregorio_de_matos/gregorio_de_matos.htm>.


No século XVII, a Bahia aparece nostálgica na poesia satírica de Gregório de Matos, mas ao mesmo tempo o poeta critica a degradação moral e econômica da cidade. Naturalmente quando definiu sua cidade, o poeta sabia que Bahia não tem “ff”, ainda assim, ironicamente satiriza sua certeza e acredita piamente que para se definir a Bahia, basta dizer “furtar e foder”. O seu paradoxo é o da realidade histórica daquele momento, coexistindo no mesmo local duas Bahias: uma no olhar do poeta nostálgica e melancólica, outra absurda e indesejada, nessa a decadência dos engenhos de açúcar levavam a ascensão de uma burguesia de comerciantes e mercadores oportunistas espoliadores, os quais detinham o poder político e econômico, enquanto os trabalhadores honestos estavam na pobreza. Principalmente a poesia satírica de Gregório faz alusão a duas de suas maiores referências: o Brasil e Portugal. Em fins do século XVII, o sistema escravocrata não conseguia mais sustentar a economia da Metrópole e Portugal em decadência impôs ao Brasil uma série de restrições comerciais a fim de obter vantagens. Gregório de Matos nasceu em Salvador em 1636, fidalgo filho de um senhor de engenho em 1650 foi estudar na Corte, em Portugal, onde se formou em direito, retornando ao Brasil em 1683. Assim sendo tinha condições de pensar e analisar seu momento histórico sob diversas perspectivas. A partir daí, e durante uma década, escreveu poemas que zombavam, criticavam, incomodavam e até ofendiam a sociedade baiana e pouco importava se o alvo era branco ou negro, rico ou pobre, poderoso ou escravo. Distanciado da sociedade hipócrita que ele condenava, resolve viver à margem da sociedade como um poeta itinerante, percorrendo o recôncavo baiano e frequentando festas e rodas boemias. Encarnava o papel da voz e do discurso crítico sobre a mesma classe social na qual estava inserido, pois dependia da nobreza e vivia à custa de seus favores. Foram os poemas satíricos que fizeram sua glória e, em seguida, sua ruína. Por conta desses, ficou conhecido como “O Boca do Inferno e perdeu o importante cargo de tesoureiro da Sé sendo deportado para Angola em 1694, lá ajudou os portugueses durante uma revolução e ganhou o direito de retornar ao Brasil, embora fosse proibido de voltar à Bahia. Faleceu então no Recife provavelmente em 1696. Se por um lado, na sua obra satírica Gregório de Matos expõe e critica sem nenhum pudor a sociedade da sua época, por outro lado deixou também uma vasta produção de poemas sacros e líricos. O ambiente fortemente cristão do período barroco aparece nos poemas sacros, como no soneto "A Jesus Cristo Nosso Senhor", maior representante da poesia sacra de Gregório de Matos, nesse o poeta utiliza da linguagem para conseguir seu perdão e salvação não apenas entre ele e Deus, mas também entre a sociedade e si mesmo. Enfim, a ironia e a crítica social existentes nos poemas satíricos também são notadas em sua produção lírica e religiosa.

Gregório de Matos


Triste Bahia



Referências

BOSSI, A. Do Antigo Estado à máquina Mercante. Disponível em: < http://www.ead.ufpb.br/pluginfile.php/160690/mod_resource/content/1/Bosi_do%20antigo%20estado%20a%20maquina%20mercante.pdf >. Acesso em: 11 de out. 2014.


LITERATORTURA. Hora do Poema: Gregório de Matos - boca do inferno! Disponível em: < http://literatortura.com/2012/05/hora-do-poema-gregorio-de-matos-boca-do-inferno/ >.  Acesso em: 11 de out. 2014.

MÍDIA LOCATIVA. Define a Sua Cidade. Disponível em: < http://www.andrelemos.info/midialocativa/2009/06/defina-sua-cidade.html>. Acesso em: 11 de out. 2014.

VERSO E CONVERSA. Gregório de Matos define sua cidade. Disponível em: < http://versoeconversa.blogspot.com.br/2012/09/gregorio-de-matos-define-sua-cidade.html>. Acesso em: 11 out. 2014.


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