Disponível em:
<http://www.sardenbergpoesias.com.br/homenagens/gregorio_de_matos/gregorio_de_matos.htm>.
No
século XVII, a Bahia aparece nostálgica na poesia satírica de Gregório de
Matos, mas ao mesmo tempo o poeta critica a degradação moral e econômica da
cidade. Naturalmente quando definiu sua cidade, o poeta sabia que Bahia não tem
“ff”, ainda assim, ironicamente satiriza sua certeza e acredita piamente que
para se definir a Bahia, basta dizer “furtar e foder”. O seu paradoxo é o
da realidade histórica daquele momento, coexistindo no mesmo local duas Bahias:
uma no olhar do poeta nostálgica e melancólica, outra absurda e indesejada, nessa
a decadência dos engenhos de açúcar levavam a ascensão de uma burguesia de
comerciantes e mercadores oportunistas espoliadores, os quais detinham o poder
político e econômico, enquanto os trabalhadores honestos estavam na pobreza. Principalmente
a poesia satírica de Gregório faz alusão a duas de suas maiores referências: o
Brasil e Portugal. Em fins do século XVII, o sistema escravocrata não conseguia
mais sustentar a economia da Metrópole e Portugal em decadência impôs ao Brasil
uma série de restrições comerciais a fim de obter vantagens. Gregório de Matos
nasceu em Salvador em 1636, fidalgo filho de um senhor de engenho em 1650 foi
estudar na Corte, em Portugal, onde se formou em direito, retornando ao Brasil
em 1683. Assim sendo tinha condições de pensar e analisar seu momento histórico
sob diversas perspectivas. A partir daí, e durante uma década, escreveu poemas
que zombavam, criticavam, incomodavam e até ofendiam a sociedade baiana e pouco
importava se o alvo era branco ou negro, rico ou pobre, poderoso ou escravo.
Distanciado da sociedade hipócrita que ele condenava, resolve viver à margem da
sociedade como um poeta itinerante, percorrendo o recôncavo baiano e frequentando festas e rodas boemias. Encarnava o papel da voz e do discurso crítico
sobre a mesma classe social na qual estava inserido, pois dependia da nobreza e
vivia à custa de seus favores. Foram os poemas satíricos que fizeram sua glória
e, em seguida, sua ruína. Por conta desses, ficou conhecido como “O Boca do Inferno” e perdeu o
importante cargo de tesoureiro da Sé sendo deportado para Angola em 1694, lá
ajudou os portugueses durante uma revolução e ganhou o direito de retornar ao
Brasil, embora fosse proibido de voltar à Bahia. Faleceu então no Recife provavelmente
em 1696. Se por um lado, na sua obra satírica Gregório de Matos expõe e critica
sem nenhum pudor a sociedade da sua época, por outro lado deixou também uma
vasta produção de poemas sacros e líricos. O ambiente fortemente cristão do
período barroco aparece nos poemas sacros, como no soneto "A Jesus Cristo Nosso Senhor", maior
representante da poesia sacra de Gregório de Matos, nesse o poeta utiliza da
linguagem para conseguir seu perdão e salvação não apenas entre ele e Deus, mas
também entre a sociedade e si mesmo. Enfim, a ironia e a crítica social existentes
nos poemas satíricos também são notadas em sua produção lírica e religiosa.
Gregório de Matos
Triste Bahia
Referências
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Lembre-se: a palavra é uma arma.
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.