Foi
somente em 2012 que tomei conhecimento da existência da Festa em homenagem a Excelsa
Virgem do Carmo, comemorada todos os anos, na igreja dedicada à Virgem em João
Pessoa, capital da Paraíba, sempre no início do mês de julho e que consiste em
um novenário cantado e orado em latim. É essa tradição que se mantém com a
mesma beleza nos mais de 300 anos de permanência da Ordem dos Carmelitas na
Paraíba que compartilho hoje com o mundo. Nesse ano, o novenário acontece de 06 a 16 de julho de 2015. Infelizmente, os vídeos com os mais belos momentos do novenário são muito grandes para serem postados aqui ou no "You Tube". Apresento então imagens do conjunto arquitetônico formado pela Igreja do Carmo e pela Capela de Santa Teresa D'Ávila junto com um pequeno vídeo com a procissão de entrada no início do novenário.
A palavra “Carmelo” deriva do Hebraico e significa “vinha do Senhor”. Conta-se que o profeta Elias viu a Virgem Maria indo para o Monte Carmelo na Palestina, em forma de nuvem que saía da terra. No ano 93, os monges construíram naquele monte uma capela em homenagem à Virgem. Expulsos no século XIII fundaram vários mosteiros pelo Ocidente, divulgando a devoção a Nossa Senhora do Carmo. Sabe-se também que um frade Carmelita chamado Simão Stock teve uma visão da Virgem Maria cercada de anjos, tendo nas mãos um escapulário da Ordem e ela dizia: “Eis o privilégio que dou a ti e a todos os filhos do Carmelo: todo o que for revestido deste hábito será salvo”. Vem daí a devoção do escapulário de Nossa Senhora do Carmo.
Os missionários Jesuítas chegaram a Capitania da Parahyba em 1588, seguidos pelos Franciscanos, Beneditinos e Carmelitas com o objetivo de evangelizar e catequizar os índios. Por desavenças com os Franciscanos sobre os métodos de educação e conflitos de interesses com a Coroa Portuguesa, os Jesuítas foram expulsos da capitania, enquanto os Franciscanos fundaram o seu convento em 1589. Os Beneditinos, por sua vez, iniciaram a construção de seu mosteiro em 1596, mas só começaram a construção de sua igreja na capitania no século XVIII, em 1721.
Em 1580 quatro padres carmelitas acompanharam a esquadra do capitão Frutuoso Barbosa, primeiro governador da Capitania Real da Parahyba, com o objetivo de fundar ali uma colônia, contudo, a tentativa de colonização fracassou por causa de uma tormenta que açoitou e dispersou as naus. O capitão retornou para Portugal, mas os Carmelitas ficaram em Olinda, no estado vizinho de Pernambuco, só vindo para a Capitania Real da Parahyba oito anos mais tarde, em 1588. Naquele ano de 1580, por causa da morte do cardeal Dom Henrique que sucedeu o Rei Luso Dom Sebastião, morto em batalha no norte da África em 1578 sem deixar nenhum descendente direto, Felipe II, Rei da Espanha, reivindicou a coroa junto a oponentes como Dona Catarina, a duquesa de Bragança. Fracassadas as negociações diplomáticas, o Rei de Espanha invadiu Portugal com suas tropas militares tornando-se Rei de duas coroas. Portugal foi então anexado a Espanha e assim permaneceu durante 60 anos.
Na antiga Filipéia de Nossa Senhora das Neves, hoje João Pessoa, os Carmelitas construíram um convento, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e a capela de Santa Teresa D’Ávila, formando o Conjunto Carmelita em estilo barroco-rococó. No atual município de Lucena, no litoral norte da Paraíba, construíram ainda a Igreja de Nossa Senhora da Guia, raro exemplar do barroco tropical com grandiosos entalhes em pedra calcária retratando a fauna e flora brasileira e onde se pode ver singulares anjos deformados, fundaram ali também um hospital religioso. Parte da história dos Carmelitas na capitania da Parahyba se perdeu durante a invasão holandesa (1634 – 1654), uma vez que muitos documentos foram enterrados pelos religiosos e nunca mais foram encontrados ou foram recuperados em péssimo estado de conservação, impossibilitando a leitura.
Pia para água benta em forma de concha, esculpida em pedra calcária no estilo rococó.
Paredes laterais ornamentadas com azulejos portugueses que contam a história da Virgem do Carmo.
Um dos quatro púlpitos laterais na Igreja de N. S. do Carmo.
Altar Mor da Igreja.
Imagem de N. S. do Carmo no Altar Mor
Detalhe do Altar Mor com imagem de Cristo.
Imagens dos profetas Elias e Eliseu no Altar Mor.
Pintura na nave do pórtico de acesso à entrada principal do templo.
Coro e óculo da igreja.
Belo conjunto de portais em arco dão acesso ao claustro do antigo convento carmelita, atual Palácio do bispo.
Lápides no corredor entre o templo e o claustro do convento.
Altar Mor da capela de Santa Teresa D'Ávila.
Cúpula do Altar Mor da Capela de Santa Teresa D´Ávila.
Detalhes do Altar Mor da Capela de Santa Teresa D'Ávila.
Altares laterais da Capela de Santa Teresa D'Ávila.
Coro e óculo da capela.
Pintura da nave da Capela de Santa Teresa D'Ávila.