Eu me chamo Antonio

terça-feira, 9 de julho de 2019

História da Índia


Dirigido por Jeremy Jeffs, o documentário “A História da Índia” começa lembrando a independência do país do domínio inglês em 1947 e ressaltando a sua importância como protagonista de uma cultura que remonta a dez mil anos.  No mais antigo mito indiano, o homem surgiu de um ovo dourado posto pelo rei dos deuses na espuma do oceano cósmico. Embrenhando-se nas florestas indianas, o apresentador, Michael Wood, encontra um clã brâmane aonde sacerdotes entoam antigos mantras. Sons milenares repassados através da tradição oral desde antes de existir a linguagem e, usados nos preparativos para as cerimônias ao Deus do Fogo. Não apenas os sons e rituais antigos persistem na Índia, também os primeiros genes da humanidade foram preservados através de casamentos consangüíneos entre primos de primeiro grau, a linguagem e as religiões vieram depois. Contudo, na Índia também se conserva a mais antiga religião da humanidade, o culto a Deusa Mãe. Em 1921, na planície do rio Indo, Paquistão, arqueólogos acharam vestígios de uma civilização pré-histórica que antecedeceu a civilização grega, a cidade de Harappa fundada em 3.500 a. C. No ano seguinte, os arqueólogos encontraram mais ao sul, Mohenjo-Daro, uma metrópole da Idade do Bronze e capital de um império que se estendia do Himalaia ao mar da Arábia.  Depois de séculos, essas cidades entraram em colapso, provavelmente por causa da queda brusca na força das monções e a mudança no curso do rio Indo. Por volta de 1.500 a. C. surgiu à literatura, com os textos sagrados mais antigos do mundo, os Veda e, da linguagem indiana, o sânscrito.  Os versos dos hinos do  Rig Veda contam uma história em que, os chefes daquelas tribos primitivas falavam o sânscrito e  se auto denominavam Árias, termo que significa “os civilizados”. O sânscrito compartilha com o latim e o grego da mesma origem e parece ter-se originado fora da Índia. Naquela época chegavam à Índia os Árias com novos deuses e uma nova língua fixando-se no vale do rio Indo no norte da Índia. O Rig Veda fala sobre uma bebida usada nos ritos sagrados dos Árias, o soma. O soma ainda é usado com fins medicinais na Ásia central. A bebida desperta os sentidos e era usada pelos poetas que compuseram o Rig Veda, no entanto, a planta da qual se faz o soma não cresce na Índia e atualmente não é mais usado na religião Hindu, portanto a bebida veio de fora da Índia. Em torno do ano 1.000 a. C., os Árias ocuparam o norte da Índia e travaram batalhas homéricas pela supremacia contadas em uma narrativa mítica chamada de “Mahabharata”, o poema mais longo do mundo e para os indianos, a mais importante história já contada.   O “Mahabharata” é um épico apocalíptico que conta a história de disputas entre clãs e remonta a chegada dos Árias à Índia.  
            Para a tradição indiana, a meta da humanidade é viver na virtude, o “dharma”, ter sucesso e riqueza, o “artha”, encontrar o prazer, ”o Kama” e, atingir a iluminação, o “moksha”. A sociedade indiana segue uma ordem fundamentada no sistema de castas que, divide as pessoas determinando suas ocupações e seu lugar na sociedade. Os párias ou intocáveis são a casta mais baixa na sociedade e exercem o dever de cremar os mortos. Esse sistema de poder foi questionado pelos antigos pensadores das civilizações antigas desde o século V a. C., mas o mais influente desses pensadores foi“Sidharta”, o Buda. Buda foi um príncipe que abandonando a sua família e a riqueza, peregrinou pelo mundo durante seis anos em busca da verdade até chegar a “Bodhgaya”. Ao chegar a “Bodhgaya” era apenas mais um andarilho esfarrapado que vivia como os homens santos da Índia, num estado de privação imensurável. Um dia, sentou-se debaixo de uma figueira para meditar em busca da iluminação. Pela manhã, o Buda concluiu que a natureza da condição humana era o sofrimento causado pela cobiça, o apego e o desejo humano. Libertando-se desses desejos o homem se tornaria livre. As ideias do Buda são resumidas no respeito a todos os seres vivos, a compaixão, a verdade e a não violência. Até ali, o Buda continuava sozinho então, saiu de “Bodhgaya” e foi para “Sarnath”. Em “Sarnath” encontrou cinco conhecidos dos seus tempos de peregrinação, os quais se tornaram seus primeiros discípulos e para quem transmitiu seus ensinamentos pela primeira vez, proferindo o seu primeiro sermão. Pelos quarenta e cinco anos seguintes, o Buda viajou a pé, mendigando e fazendo pregações pelos reinos da planície do rio Ganges. O Buda foi um contestador de governos em prol da justiça social, o primeiro rebelde indiano. Ele foi à cidade de “Rajgir” a convite do rei. Nessa época, o Buda já possuía mais mil discípulos. Já idoso, com cerca de oitenta anos, o Buda fez a sua última jornada cruzando a planície rumo ao Himalaia, de volta às terras aonde nasceu, aonde morreria. Ali se quedou enfermo. Há muitos mitos sobre os últimos instantes \da vida do Buda, mas em todos esses suas últimas palavras foram: “Tudo nesse mundo é passageiro, sigam a luta incansavelmente”. Os ideais do Buda foram cultuados apenas na planície do rio Ganges ao longo de dois séculos, mas a guerra mudaria essa trajetória. Na ocasião da morte do Buda, o império Persa invade a Grécia. No século seguinte, em 331 a. C., os gregos rumaram para o Oriente em busca de vingança e o império persa é invadido pelo jovem general Alexandre, o grande, subjugando o monarca persa Dario. Imperialista, Alexandre conduz o seu exército através das planícies da Índia. Foi o primeiro encontro entre a Índia e o Ocidente. Durante a invasão grega, um jovem rei indiano chamado “Chandragupta Maurya, na capital do seu império, a atual “Patna”, renunciou ao trono em busca da salvação, a “moksha”. Esse primeiro grande rei da Índia passou fome até a morte numa caverna em busca do conhecimento e da libertação. Vinte anos após a sua morte, seu neto “Asoka” o cruel, tomaria suas ideias e, juntando-as com a ética jainista e budista, as transforma não apenas na essência da moral individual, mas em política. Ele cria a legislação de bem estar social, os ensinamentos de tolerância religiosa e, os preceitos ecológicos para a preservação das espécies animais e vegetais. Essa política abandona a seara da religião e da magia para ser ditada pela razão e pela moralidade.