A Cabala denominada “A
Sabedoria Oculta” é um método antigo dado pelo Criador e pelo qual o ser
humano pode receber uma consciência superior para alcançar o mundo espiritual,
atingindo a espiritualidade. A Cabala é um estudo prático e preciso que, se ocupa
com os mundos superiores, com as raízes dos nossos sentimentos e pensamentos,
para os quais não conseguimos construir instrumentos científicos para examinar.
A palavra
"Cabala" vem da palavra hebraica lekabbel, que significa
“receber”. A palavra "Cabala" descreve a meta do cabalista: atingir
tudo aquilo que o ser humano é capaz como ser pensante e a mais elevada de
todas as criaturas. Este desejo de receber se desenvolve numa ordem
determinada: primeiro deseja-se o prazer dos sentidos. Em seguida se busca
o dinheiro e a honra. Depois a pessoa se torna sedenta de poder.
Por fim, pode surgir um desejo especial: a espiritualidade. A Cabala é
um sistema para avaliar nossos desejos.
Estuda-se a Cabala
para aprender coisas que lhe estão ocultas. Somente quando se adquire o sexto
sentido, pelo estudo da Cabala se pode ver e sentir o que previamente não
estava revelado. Todos possuímos este sexto sentido conhecido como "o
ponto do coração“. O sexto sentido é também chamado de "vaso
espiritual" (kli), e existe mesmo sem realidade material. O vaso
espiritual de uma pessoa que nunca estudou a Cabala não está suficientemente
desenvolvido para perceber o mundo espiritual.
Se alguém entende
corretamente a Cabala, invoca a chamada "Luz circundante", a “Luz
que corrige”, que lhe mostrará nossa realidade espiritual. Nada é possível
sem a ajuda da Luz circundante que nos ilumina o caminho. A entrada da luz no
ponto do coração - a alma da pessoa -
provoca nessa a percepção espiritual. A Cabala é o único meio para abrir
o vaso espiritual e receber a luz do Criador. A luz recebida quando alguém se
dedica à sabedoria lhe confere santidade e pureza aproximando-a da realização.
Os termos
"corrigir" e "correção" são utilizados na Cabala para
descrever uma mudança no desejo de receber, isto é, de receber as qualidades do
mundo espiritual e do Criador. Esse processo é chamado segula, do
hebraico que significa “remédio”.
O cabalista é uma
pessoa comum como outra qualquer. É um pesquisador que estuda sua própria
natureza, a essência de sua existência utilizando os sentimentos, intelecto e o
coração. O cabalista recebe conhecimento a respeito das esferas espirituais,
dos mundos superiores e da manifestação das forças superiores e está ao mesmo
tempo em nosso mundo e nos mundos superiores. Nos livros, os cabalistas
transmitem técnicas baseadas em experiências pessoais, ajudam os próximos a
trilharem o mesmo caminho, esse método denomina-se “A Sabedoria da Cabala".
O primeiro cabalista
foi o patriarca Abraham. A Cabala foi transmitida oralmente durante muitos
séculos e, continuou a desenvolver-se depois que a Torá foi escrita. No período
compreendido entre o Primeiro Templo e o Segundo - 586 a. C. 515 a.C., já se
estudava Cabala em grupos. Depois da destruição do Segundo Templo - 70 d. C. -
até agora, houve três períodos importantes nos quais apareceram os mais
importantes escritos no desenvolvimento da Cabala e de seus métodos de estudo.
Primeiro
período - Século III:
Rav
Akiva viveu entre 40 – 160 d. C.. Rabí Akiva e 24.000 de seus alunos
foram torturados e assassinados pelos romanos, os quais sentiam-se ameaçados
pelos ensinamentos da Cabala. Somente o Rav Shimon Bar Yochai (150 – 230
d. C.) o “Rabshi” e outros quatro alunos de Rabí Akiva sobreviveram à
matança. Depois disso, Rav Akiva e Rav Yehuda Ben Baba autorizaram
o "Rashbi” a transmitir a Cabala que lhe havia sido ensinada.
O
“Rabshi” escapou com seu filho Eliezer e viveram numa gruta durante treze
anos. Eles saíram da gruta com o livro do Zohar e com um método completo
para o estudo da Cabala, tendo atingido a espiritualidade. Rashbi alcançou
os 125 níveis que um humano pode conseguir durante sua vida. O Zohar relata que
Rabshi e seu filho atingiram o nível denominado "Eliahu o
Profeta", o que significa que o próprio profeta vinha ensinar-lhes. O Rabshi
não escreveu o Zohar por ele mesmo, mas transmitiu a sabedoria e a
forma de atingi-la ditando seu conteúdo a Rav Aba.
Rabí Aba
redigiu o Zohar de maneira que só pudessem entendê-lo aqueles que fossem
dignos disso. Foi escrito em forma de parábolas em aramaico e diz que o
aramaico é o lado oculto do hebraico e explica que o desenvolvimento humano se
divide em 6.000 anos. Nesse período as almas passam por um desenvolvimento
contínuo. Por fim, todas as almas atingem o "fim da correção",
isto é, o nível mais elevado de espiritualidade e perfeição.
O
livro do Zohar desapareceu depois de ser escrito. Conta a lenda que os
escritos do Zohar permaneceram ocultos numa gruta em Israel, sendo
encontrados vários séculos depois por residentes árabes da região. Um dia, um
cabalista comprou pescados no mercado embrulhado em páginas do Zohar. Voltou
e comprou dos árabes o resto das peças, reunindo-as num livro e desse modo o Zohar
foi revelado ao longo do tempo quando pequenos grupos de cabalistas estudaram
estes escritos em segredo. No século XIII, na Espanha, Rav Moshé de León publicou
o Zohar pela primeira vez.
O
segundo período – século XVI:
É
o período do Ari, Rav Isaac Luria, autor da transição entre os
dois métodos de estudo da Cabala. Ari nasceu em Jerusalém em 1534.
Proclamou o começo de um período de estudo aberto e em massa da Cabala e nos
seus escritos, aparece pela primeira vez a linguagem pura da Cabala. Em 1570, Ari
chegou a Israel aonde começou a ensinar a Cabala e se tornou famoso,
deixando textos com um sistema básico para estudar a Cabala, que continua
vigente: "Etz Hachayim" (A Árvore da Vida), "Sha'ar
Hakavanot" (O Portal das Intenções), "Sha'ar Hagilgulim"
(O Portal da Reencarnação) e outros.
Ari
faleceu em 1572. Seus escritos foram enterrados com ele, para que a sabedoria
não fosse revelada antes do tempo certo, mas outra parte foi legada a seu
filho, que as organizou como “As Oito Portas”. Muito depois, um grupo de
estudiosos resgataram da tumba do Ari a outra parte dos escritos.
Somente nos tempos do Ari se começou a estudar o Zohar em grupos
abertamente, por isso, o estudo do Zohar prosperou durante duzentos
anos. Entre 1750 e o fim do século XIX, praticamente todo grande rabino era um
cabalista. Apareceram cabalistas na Polônia, Rússia, Marrocos, Iraque, Iêmen e
outros países. Contudo, no início do século XX, o interesse pela Cabala decaiu
até quase desaparecer por completo.
O
terceiro período – século XIX:
Trouxe
um método adicional às doutrinas do Ari, a versão Sulam (escada)
do Zohar, escrita pelo Rabí Yehuda Ashlag, conhecido como "Baal
HaSulam“. O Baal HaSulam nasceu em 1885 na Polônia e, em 1921
emigrou para Israel. Escreveu sua interpretação do Zohar entre 1943 e
1953, morrendo em 1954 sendo então, sepultado em Jerusalém. Sucedeu ao Baal
HaSulam seu primogênito, Rav Baruch Shalom Ashlag, o "Rabash"
e seus livros estruturam com elegância os escritos paternos. O Rabash faleceu
em 1991. O Baal HaSulam, escreveu um comentário completo do Zohar
e dos escritos do Ari. Estes livros e os ensaios de seu filho, o “Rabash”
são a única fonte de que dispomos para ajudar em nosso progresso espiritual.
O
método do Baal HaSulam serve para todos, havendo apenas um requisito: o estudo
correto, pois aqueles que estudam a Cabala não podem errar em seu entendimento.
Assim, estudando segundo os livros do Baal HaSulam atinge-se a autêntica
correção. A Sulam assegura que ninguém deve temer o estudo da Cabala e
que, todo aquele que estudar Cabala durante três a cinco anos subirá às esferas
espirituais ao "entendimento divino”.
Os
três grandes cabalistas são uma mesma alma, que apareceu: a primeira vez como o
Rabshi, a segunda vez como o Ari e, a terceira vez como o Rabash.
O único critério para
determinar se alguém está pronto para estudar a Cabala é o seu desejo de
correção. As pessoas procuram curas rápidas, querem saber de magia, de
meditação e de curas cabalísticas e, não lhes interessa realmente a revelação
dos mundos superiores ou aprender os métodos para atingir os domínios
espirituais. Isto não constitui um desejo genuíno de estudar Cabala. Um desejo
autêntico de descobrir e perceber em si os mundos superiores conduzirá a pessoa
ao caminho da Cabala.
Durante
séculos a Cabala era ensinada apenas de um cabalista para o outro. Atualmente
existe o desejo de disseminar a sabedoria da Cabala e de convidar a todos para
seu estudo. Para estudar adequadamente a Cabala é recomendável aos estudantes
concentrarem-se unicamente nos escritos do Ari, Baal Hasulam e Rabash em
suas versões originais. O objetivo básico da Cabala é alcançar a
espiritualidade. Se alguém estuda os textos para obter espiritualidade, estes
serão uma fonte de luz e correção. Caso os estude para obter sabedoria, serão
para esse apenas sabedoria. Os textos da Bíblia são textos de Cabala e, entre a
Bíblia e a Cabala, a última é a mais útil e direta. Todos os cabalistas
estudaram em grupo, então, um grupo é essencial para que haja progresso. Não se
deve estudar a Cabala sozinho.
A Cabala ensina ao
homem como receber. Tudo foi criado por um motivo e não é necessário que o
cabalista retire-se da vida, torne-se um monge ou asceta. É o coração que deve
se abrir com a ajuda do nosso intelecto. Um coração desenvolvido separa o
correto do incorreto e nos conduz naturalmente às ações e decisões corretas.
Tudo
o que sabemos sobre o mundo é baseado em estudos humanos. Em cada era, a
humanidade usa o mundo ao seu redor. Cada geração estuda o mundo e transmite
seu conhecimento à geração seguinte. O mesmo ocorre no plano espiritual, cada
geração de cabalistas estuda e descobre os mundos espirituais e transmite o
conhecimento às gerações seguintes. Ao estudar a realidade o que está além dela
permanece desconhecido e não revelado. Apenas os cabalistas, que alcançam a luz
podem compreender verdadeiramente a realidade, pois além dos cinco sentidos só
existe a luz abstrata superior, sem forma, chamada o Criador.
O
que chamamos "escutar" é na realidade a resposta de nossos tímpanos aos
estímulos externos. O mesmo acontece com os demais sentidos: visão, paladar,
tato e olfato. A realidade é a imagem
que pintamos em nosso interior. A realidade tal como a conhecemos é
distorcida. Não a vemos em sua
verdadeira forma. A lógica diz que a realidade deve ser uniforme para todos, no
entanto, um escuta uma coisa, outro outra; um vê uma coisa, outro vê outra. Baal
HaSulam ilustra isto com a eletricidade. A energia esfria ou
esquenta, segundo a especificação do aparelho que se conecta nela, mas a
energia não tem forma própria: é abstrata, assim o aparelho revela o potencial
da eletricidade. O mesmo se dá com a luz superior, o Criador não tem forma e, cada um percebe o Criador segundo seu nível de
correção. Quando alguém avança nos estudos da Cabala, se corrigir todos
os seus sentidos segundo a luz circundante, não haverá nenhuma separação entre
esse e a luz, entre o homem e o Criador. Consegue-se então a santidade, o nível mais elevado de espiritualidade.
Ninguém é uma alma nova e todos nós acumulamos experiências de vidas prévias em
outras encarnações. Em cada geração, ao longo dos últimos seis mil anos,
desceram almas que já tinham estado aqui em ocasiões anteriores, com alguma
forma diferente de desenvolvimento espiritual. As almas descem à terra segundo uma ordem determinada e seu número não é
infinito: voltam uma e outra vez, progredindo em direção à sua correção. Os
novos corpos físicos que ocupam são parecidos, mas os tipos de almas que descem
são diferentes, isso se chama popularmente de reencarnação, mas
os cabalistas usam a expressão "desenvolvimento das gerações".
Esta
conexão entre a alma e o corpo colabora para a correção da alma, pois o corpo
em si pode ser substituído, sendo útil apenas como recipiente a partir do qual
a alma pode atuar. Cada geração se parece fisicamente com a anterior, mas
diferem entre si porque em cada ocasião as almas baixam com a experiência
acumulada de suas vidas prévias. Os objetivos e desejos de cada geração diferem
da geração anterior e, isso determina o desenvolvimento específico de cada uma
delas. A geração que não alcançar o
desejo de conhecer a verdadeira realidade, cumprirá sua tarefa através do
sofrimento. Essa será sua forma de progredir para a autêntica realidade e, a realidade
está desenhada para que as almas desçam e se autocorrijam.
Todas
as almas originam-se de uma chamada "a alma do primeiro “homem“ que
não se refere ao Adão, mas a uma realidade espiritual interna. Partes da alma
do primeiro homem descem ao mundo para encarnar, tomando forma de corpos e
provocando a conexão entre o corpo e a alma. A alma do primeiro homem possui
muitas partes e muitos desejos, alguns leves, outros pesados, segundo a sua
quantidade de egoísmo e crueldade. Das leves às pesadas é a ordem em que as
almas descem para encarnar nesta realidade. Chegam a nosso mundo primeiro as
almas leves e depois as pesadas, com diferentes requisitos para alcançar as
suas correções. Em sua vinda ao mundo,
as almas adquirem experiência através de sofrimento e isso se conhece
como "o caminho do sofrimento”.
Cada
vez que reencarna, aumenta na alma o seu impulso inconsciente de procurar
respostas às perguntas a respeito de sua existência, de suas raízes e da importância
da vida humana. Existem almas mais e menos desenvolvidas. A Cabala distingue
entre as almas que descem como puras e almas menos refinadas. As que requerem
uma correção maior são chamadas de "menos refinadas". Antes do Ari
as almas progrediam para a correção pela sua mera existência. O desejo de superar o sofrimento, foi a força
motivadora do desenvolvimento das gerações. Essa situação durou até o
século XVI, quando Ari declarou que, os homens, as mulheres e, as
crianças de todas as nações deveriam estudar a Cabala.
Música dos mundos superiores, Baal HaSsulam - Música de Cabalá Bnei Baruch