Eu me chamo Antonio

quinta-feira, 30 de abril de 2020

A Sabedoria Oculta da Cabala

A Cabala denominada “A Sabedoria Oculta” é um método antigo dado pelo Criador e pelo qual o ser humano pode receber uma consciência superior para alcançar o mundo espiritual, atingindo a espiritualidade. A Cabala é um estudo prático e preciso que, se ocupa com os mundos superiores, com as raízes dos nossos sentimentos e pensamentos, para os quais não conseguimos construir instrumentos científicos para examinar.

A palavra "Cabala" vem da palavra hebraica lekabbel, que significa “receber”. A palavra "Cabala" descreve a meta do cabalista: atingir tudo aquilo que o ser humano é capaz como ser pensante e a mais elevada de todas as criaturas. Este desejo de receber se desenvolve numa ordem determinada: primeiro deseja-se o prazer dos sentidos. Em seguida se busca o dinheiro e a honra. Depois a pessoa se torna sedenta de poder. Por fim, pode surgir um desejo especial: a espiritualidade. A Cabala é um sistema para avaliar nossos desejos.

Estuda-se a Cabala para aprender coisas que lhe estão ocultas. Somente quando se adquire o sexto sentido, pelo estudo da Cabala se pode ver e sentir o que previamente não estava revelado. Todos possuímos este sexto sentido conhecido como "o ponto do coração“. O sexto sentido é também chamado de "vaso espiritual" (kli), e existe mesmo sem realidade material. O vaso espiritual de uma pessoa que nunca estudou a Cabala não está suficientemente desenvolvido para perceber o mundo espiritual.

Se alguém entende corretamente a Cabala, invoca a chamada "Luz circundante", a “Luz que corrige”, que lhe mostrará nossa realidade espiritual. Nada é possível sem a ajuda da Luz circundante que nos ilumina o caminho. A entrada da luz no ponto do coração - a alma da pessoa -  provoca nessa a percepção espiritual. A Cabala é o único meio para abrir o vaso espiritual e receber a luz do Criador. A luz recebida quando alguém se dedica à sabedoria lhe confere santidade e pureza aproximando-a da realização.

Os termos "corrigir" e "correção" são utilizados na Cabala para descrever uma mudança no desejo de receber, isto é, de receber as qualidades do mundo espiritual e do Criador. Esse processo é chamado segula, do hebraico que significa “remédio”.

O cabalista é uma pessoa comum como outra qualquer. É um pesquisador que estuda sua própria natureza, a essência de sua existência utilizando os sentimentos, intelecto e o coração. O cabalista recebe conhecimento a respeito das esferas espirituais, dos mundos superiores e da manifestação das forças superiores e está ao mesmo tempo em nosso mundo e nos mundos superiores. Nos livros, os cabalistas transmitem técnicas baseadas em experiências pessoais, ajudam os próximos a trilharem o mesmo caminho, esse método denomina-se “A Sabedoria da Cabala".

O primeiro cabalista foi o patriarca Abraham. A Cabala foi transmitida oralmente durante muitos séculos e, continuou a desenvolver-se depois que a Torá foi escrita. No período compreendido entre o Primeiro Templo e o Segundo - 586 a. C. 515 a.C., já se estudava Cabala em grupos. Depois da destruição do Segundo Templo - 70 d. C. - até agora, houve três períodos importantes nos quais apareceram os mais importantes escritos no desenvolvimento da Cabala e de seus métodos de estudo.

Primeiro período - Século III:

Rav Akiva viveu entre 40 – 160 d. C..  Rabí Akiva e 24.000 de seus alunos foram torturados e assassinados pelos romanos, os quais sentiam-se ameaçados pelos ensinamentos da Cabala. Somente o Rav Shimon Bar Yochai (150 – 230 d. C.) o “Rabshi” e outros quatro alunos de Rabí Akiva sobreviveram à matança. Depois disso, Rav Akiva e Rav Yehuda Ben Baba autorizaram o "Rashbi” a transmitir a Cabala que lhe havia sido ensinada.

O “Rabshi” escapou com seu filho Eliezer e viveram numa gruta durante treze anos. Eles saíram da gruta com o livro do Zohar e com um método completo para o estudo da Cabala, tendo atingido a espiritualidade. Rashbi alcançou os 125 níveis que um humano pode conseguir durante sua vida. O Zohar relata que Rabshi e seu filho atingiram o nível denominado "Eliahu o Profeta", o que significa que o próprio profeta vinha ensinar-lhes. O Rabshi não escreveu o Zohar por ele mesmo, mas transmitiu a sabedoria e a forma de atingi-la ditando seu conteúdo a Rav Aba.

Rabí Aba redigiu o Zohar de maneira que só pudessem entendê-lo aqueles que fossem dignos disso. Foi escrito em forma de parábolas em aramaico e diz que o aramaico é o lado oculto do hebraico e explica que o desenvolvimento humano se divide em 6.000 anos. Nesse período as almas passam por um desenvolvimento contínuo. Por fim, todas as almas atingem o "fim da correção", isto é, o nível mais elevado de espiritualidade e perfeição.

O livro do Zohar desapareceu depois de ser escrito. Conta a lenda que os escritos do Zohar permaneceram ocultos numa gruta em Israel, sendo encontrados vários séculos depois por residentes árabes da região. Um dia, um cabalista comprou pescados no mercado embrulhado em páginas do Zohar. Voltou e comprou dos árabes o resto das peças, reunindo-as num livro e desse modo o Zohar foi revelado ao longo do tempo quando pequenos grupos de cabalistas estudaram estes escritos em segredo. No século XIII, na Espanha, Rav Moshé de León publicou o Zohar pela primeira vez.

O segundo período – século XVI:

É o período do Ari, Rav Isaac Luria, autor da transição entre os dois métodos de estudo da Cabala. Ari nasceu em Jerusalém em 1534. Proclamou o começo de um período de estudo aberto e em massa da Cabala e nos seus escritos, aparece pela primeira vez a linguagem pura da Cabala. Em 1570, Ari chegou a Israel aonde começou a ensinar a Cabala e se tornou famoso, deixando textos com um sistema básico para estudar a Cabala, que continua vigente: "Etz Hachayim" (A Árvore da Vida), "Sha'ar Hakavanot" (O Portal das Intenções), "Sha'ar Hagilgulim" (O Portal da Reencarnação) e outros.

Ari faleceu em 1572. Seus escritos foram enterrados com ele, para que a sabedoria não fosse revelada antes do tempo certo, mas outra parte foi legada a seu filho, que as organizou como “As Oito Portas”. Muito depois, um grupo de estudiosos resgataram da tumba do Ari a outra parte dos escritos. Somente nos tempos do Ari se começou a estudar o Zohar em grupos abertamente, por isso, o estudo do Zohar prosperou durante duzentos anos. Entre 1750 e o fim do século XIX, praticamente todo grande rabino era um cabalista. Apareceram cabalistas na Polônia, Rússia, Marrocos, Iraque, Iêmen e outros países. Contudo, no início do século XX, o interesse pela Cabala decaiu até quase desaparecer por completo.

O terceiro período – século XIX:

Trouxe um método adicional às doutrinas do Ari, a versão Sulam (escada) do Zohar, escrita pelo Rabí Yehuda Ashlag, conhecido como "Baal HaSulam“. O Baal HaSulam nasceu em 1885 na Polônia e, em 1921 emigrou para Israel. Escreveu sua interpretação do Zohar entre 1943 e 1953, morrendo em 1954 sendo então, sepultado em Jerusalém. Sucedeu ao Baal HaSulam seu primogênito, Rav Baruch Shalom Ashlag, o "Rabash" e seus livros estruturam com elegância os escritos paternos. O Rabash faleceu em 1991. O Baal HaSulam, escreveu um comentário completo do Zohar e dos escritos do Ari. Estes livros e os ensaios de seu filho, o “Rabash” são a única fonte de que dispomos para ajudar em nosso progresso espiritual.

O método do Baal HaSulam serve para todos, havendo apenas um requisito: o estudo correto, pois aqueles que estudam a Cabala não podem errar em seu entendimento. Assim, estudando segundo os livros do Baal HaSulam atinge-se a autêntica correção. A Sulam assegura que ninguém deve temer o estudo da Cabala e que, todo aquele que estudar Cabala durante três a cinco anos subirá às esferas espirituais ao "entendimento divino”.

Os três grandes cabalistas são uma mesma alma, que apareceu: a primeira vez como o Rabshi, a segunda vez como o Ari e, a terceira vez como o Rabash.

O único critério para determinar se alguém está pronto para estudar a Cabala é o seu desejo de correção. As pessoas procuram curas rápidas, querem saber de magia, de meditação e de curas cabalísticas e, não lhes interessa realmente a revelação dos mundos superiores ou aprender os métodos para atingir os domínios espirituais. Isto não constitui um desejo genuíno de estudar Cabala. Um desejo autêntico de descobrir e perceber em si os mundos superiores conduzirá a pessoa ao caminho da Cabala.

Durante séculos a Cabala era ensinada apenas de um cabalista para o outro. Atualmente existe o desejo de disseminar a sabedoria da Cabala e de convidar a todos para seu estudo. Para estudar adequadamente a Cabala é recomendável aos estudantes concentrarem-se unicamente nos escritos do Ari, Baal Hasulam e Rabash em suas versões originais. O objetivo básico da Cabala é alcançar a espiritualidade. Se alguém estuda os textos para obter espiritualidade, estes serão uma fonte de luz e correção. Caso os estude para obter sabedoria, serão para esse apenas sabedoria. Os textos da Bíblia são textos de Cabala e, entre a Bíblia e a Cabala, a última é a mais útil e direta. Todos os cabalistas estudaram em grupo, então, um grupo é essencial para que haja progresso. Não se deve estudar a Cabala sozinho.

A Cabala ensina ao homem como receber. Tudo foi criado por um motivo e não é necessário que o cabalista retire-se da vida, torne-se um monge ou asceta. É o coração que deve se abrir com a ajuda do nosso intelecto. Um coração desenvolvido separa o correto do incorreto e nos conduz naturalmente às ações e decisões corretas.

Tudo o que sabemos sobre o mundo é baseado em estudos humanos. Em cada era, a humanidade usa o mundo ao seu redor. Cada geração estuda o mundo e transmite seu conhecimento à geração seguinte. O mesmo ocorre no plano espiritual, cada geração de cabalistas estuda e descobre os mundos espirituais e transmite o conhecimento às gerações seguintes. Ao estudar a realidade o que está além dela permanece desconhecido e não revelado. Apenas os cabalistas, que alcançam a luz podem compreender verdadeiramente a realidade, pois além dos cinco sentidos só existe a luz abstrata superior, sem forma, chamada o Criador.

O que chamamos "escutar" é na realidade a resposta de nossos tímpanos aos estímulos externos. O mesmo acontece com os demais sentidos: visão, paladar, tato e olfato. A realidade é a imagem que pintamos em nosso interior. A realidade tal como a conhecemos é distorcida.  Não a vemos em sua verdadeira forma. A lógica diz que a realidade deve ser uniforme para todos, no entanto, um escuta uma coisa, outro outra; um vê uma coisa, outro vê outra. Baal HaSulam ilustra isto com a eletricidade. A energia esfria ou esquenta, segundo a especificação do aparelho que se conecta nela, mas a energia não tem forma própria: é abstrata, assim o aparelho revela o potencial da eletricidade. O mesmo se dá com a luz superior, o Criador não tem forma e, cada um percebe o Criador segundo seu nível de correção. Quando alguém avança nos estudos da Cabala, se corrigir todos os seus sentidos segundo a luz circundante, não haverá nenhuma separação entre esse e a luz, entre o homem e o Criador. Consegue-se então a santidade, o nível mais elevado de espiritualidade.

Ninguém é uma alma nova e todos nós acumulamos experiências de vidas prévias em outras encarnações. Em cada geração, ao longo dos últimos seis mil anos, desceram almas que já tinham estado aqui em ocasiões anteriores, com alguma forma diferente de desenvolvimento espiritual. As almas descem à terra segundo uma ordem determinada e seu número não é infinito: voltam uma e outra vez, progredindo em direção à sua correção. Os novos corpos físicos que ocupam são parecidos, mas os tipos de almas que descem são diferentes, isso se chama popularmente de reencarnação, mas os cabalistas usam a expressão "desenvolvimento das gerações".

Esta conexão entre a alma e o corpo colabora para a correção da alma, pois o corpo em si pode ser substituído, sendo útil apenas como recipiente a partir do qual a alma pode atuar. Cada geração se parece fisicamente com a anterior, mas diferem entre si porque em cada ocasião as almas baixam com a experiência acumulada de suas vidas prévias. Os objetivos e desejos de cada geração diferem da geração anterior e, isso determina o desenvolvimento específico de cada uma delas. A geração que não alcançar o desejo de conhecer a verdadeira realidade, cumprirá sua tarefa através do sofrimento. Essa será sua forma de progredir para a autêntica realidade e, a realidade está desenhada para que as almas desçam e se autocorrijam.

Todas as almas originam-se de uma chamada "a alma do primeiro “homem“ que não se refere ao Adão, mas a uma realidade espiritual interna. Partes da alma do primeiro homem descem ao mundo para encarnar, tomando forma de corpos e provocando a conexão entre o corpo e a alma. A alma do primeiro homem possui muitas partes e muitos desejos, alguns leves, outros pesados, segundo a sua quantidade de egoísmo e crueldade. Das leves às pesadas é a ordem em que as almas descem para encarnar nesta realidade. Chegam a nosso mundo primeiro as almas leves e depois as pesadas, com diferentes requisitos para alcançar as suas correções. Em sua vinda ao mundo, as almas adquirem experiência através de sofrimento e isso se conhece como "o caminho do sofrimento”.

Cada vez que reencarna, aumenta na alma o seu impulso inconsciente de procurar respostas às perguntas a respeito de sua existência, de suas raízes e da importância da vida humana. Existem almas mais e menos desenvolvidas. A Cabala distingue entre as almas que descem como puras e almas menos refinadas. As que requerem uma correção maior são chamadas de "menos refinadas". Antes do Ari as almas progrediam para a correção pela sua mera existência. O desejo de superar o sofrimento, foi a força motivadora do desenvolvimento das gerações. Essa situação durou até o século XVI, quando Ari declarou que, os homens, as mulheres e, as crianças de todas as nações deveriam estudar a Cabala. 


Música dos mundos superiores, Baal HaSsulam - Música de Cabalá Bnei Baruch




terça-feira, 21 de abril de 2020

O mundo passou quando o ano acabou.

Desde tempos imemoriais na antiguidade, o Ano Novo foi uma celebração da cosmogonia. Na festa, a humanidade comemorava a maior obra do divino, a criação do mundo, o início dos tempos. Significava a oportunidade que toda a humanidade possuía de entrar num tempo sagrado, conectando-se em harmonia com o divino, para naqueles momentos de festejos, introspecção, reflexão, esperança e renovação, ser conduzida numa viagem utópica feita pela imaginação humana, ao momento da criação. Durante o Ano Novo, a humanidade festejava a possibilidade da recriação e da renovação do mundo, embora essa recriação e renovação, dependesse somente dela mesma. Por isso, ainda se diz: o mundo passou, quando o ano acabou.

O mundo passou quando 2019 acabou.


Nesse mundo novo, a humanidade se convence com toda sua força e certeza, daquilo que afirmou o médico cristão chinês Li Wenliang, pouco antes de morrer: "Numa sociedade saudável, não deve haver uma só voz". Um parasito esquálido, invisível e coroado, ensina a humanidade que, só os sectários temem a liberdade de expressão, negando que deve ser para todos e que, enquanto houver um homem, haverá esperança de liberdade para todos.

Liberdade para toda a humanidade.

Liberdade para o povo chinês.
Liberdade para o Tibete.
Liberdade para Hong kong.
Liberdade para Taiwan.

Nesse Ano Novo - 2020 -, a humanidade tem a oportunidade de conscientizar-se da sua fugaz existência, da sua insignificante pequenez, da sua pífia finitude e da necessidade que sentimos um do outro, de vivermos juntos, unidos, da falta que faz um toque, um abraço, um aperto de mão, um beijo.

Li Wenliang +06/02/2020

A bandeira do Tibete é considerada como um símbolo de um Tibete livre.