Fala-se que Brasília nasceu da
vontade de um Presidente, da concepção de um urbanista e do talento de um
arquiteto. Fala essa que não me parece de todo, ter sido atestada pela história.
Os inconfidentes mineiros, no
final do século XVIII, já especulavam em transferir a capital do país do Rio de
Janeiro para São João Del Rey e embora fracassada essa tentativa, seguiram-se
outras no período colonial. Um pouco
antes da Independência, em 1821, José Bonifácio de Andrada e Silva recomendou
que se erguesse uma cidade no interior do Brasil para assentar a Corte e a
Regência, e aí surgiu pela primeira vez o nome da nova capital, Brasília, que sem o acento grave significa "Brasil" em latim.
Um século mais tarde, em 1992,
com o centenário da Independência do Brasil, surgiram novas esperanças. Cumprindo um
decreto do Presidente Epitácio Pessoa, lançou-se no sete de setembro a pedra
fundamental comemorativa do inicio das obras da nova capital do país, próximo
a atual cidade de Planaltina, contudo, as obras não prosseguiram.
Somente em 1946, a nova
constituição determinou que se criasse uma comissão de estudos para fazer a
transferência do poder. Empregando
técnicas modernas, duas expedições foram enviadas ao planalto central e
comprovaram as condições favoráveis da região. Em 1954, o paraibano Marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, irmão de João Pessoa e sobrinho de Epitácio Pessoa, foi convidado pelo
presidente Café Filho para ocupar a presidência da
Comissão de Localização da Nova Capital Federal, encarregada de examinar as
condições gerais de instalação da cidade a ser construída. Foi o homem responsável pela escolha do local
exato onde hoje se ergue Brasília.
Finalmente, assumindo o governo
em janeiro de 1956, o presidente Juscelino Kubitschek propôs entre outras
coisas, o início imediato das obras de construção da capital. Brasília,
portanto é mais do que um conjunto arquitetônico de grande beleza plástica, mas
o antigo sonho de gerações de brasileiros que se tornou realidade no dia 21 de
abril de 1960, marcando o encerramento do ciclo político administrativo do
litoral vigente no Brasil desde os primeiros tempos da colonização.
Brasília constitui uma experiência bem sucedida e bem brasileira. A cidade
foi planejada e desenvolvida pelo urbanista Lúcio
Costa, vencedor em 1957 do concurso para o projeto urbanístico da nova
capital, e pelo arquiteto Oscar
Niemeyer. O formato da área é
popularmente comparado ao de um avião, comparação rejeitada pelo seu
idealizador, o qual defendeu a tese de que a capital federal pudesse ser
comparada a uma borboleta. Na verdade, a cidade teve sua forma inspirada pelo
sinal da cruz. O plano piloto partiu de dois elementos básicos, os eixos
que se cruzavam em ângulo reto formando uma cruz, gesto primário de quem
assinala um lugar ou dele toma posse. O eixo rodoviário, arqueado e
disposto no sentido Norte – Sul e o eixo Monumental, na direção Leste – Oeste. Marco
da arquitetura e urbanismo modernos, Brasília é detentora da maior área tombada
do mundo, 112,25 km² e foi inscrita pela UNESCO na lista de bens do Patrimônio
Mundial em sete de dezembro de 1987.
Foi numa manhã de sábado, mas não
um sábado qualquer, era um sábado de carnaval lá pelos idos dos anos de chumbo,
no começo da década de 1970. Dona Linê, muito enxerida como sempre foi, tomou
conhecimento de que o mineiro e ex-presidente Juscelino Kubistchek estava
hospedado no recentemente inaugurado Tropical Hotel Tambaú, localizado na
famosa praia da cidade de João Pessoa, na Paraíba. Não teve dúvidas, moradora da
cidade, chamou seu marido Antonio, aquele que era o proprietário da Casa dos Vaqueiros, para incomodar
o ilustre hóspede e ícone de muitas gerações de brasileiros. E lá se foram os dois,
no seu fusquinha Volkswagen cor de laranja, para a recepção do elegante hotel.
Pois o que se sucedeu foi que ao
invés de serem tratados como um importuno infortúnio, pelo contrário, foram mesmo
recebidos e atendidos na recepção do hotel. O funcionário prontamente interligou
para as dependências de JK informando que um casal de jovens paraibanos, seus fãs diga-se de passagem, gostariam de cumprimentá-lo. JK poderia ter-se esquivado da
situação, mas generosamente recebeu-os. Ordenou que o recepcionista permitisse a entrada dos dois
tietes paraíbas até os seus aposentos e da sua senhora, dona Sara Kubistchek. Do
improvisado encontro não restaram fotos, mas ficou um legado certamente muito
maior e mais importante do que meros retratos de recordação, o qual passo a
reproduzir em seguida.
“À presadissima Linê, deixo aqui
a homenagem de patrício que lutou para realizar um sonho de várias gerações,
reproduzida nas páginas deste livro, com o conteúdo sobre Brasília.
Oxalá Deus continue dando à obra
que pude concretizar a mesma significação que tem, atualmente, isto é, o avanço
e a conquista das terras desnudas do nosso país.
Para os jovens, como você, fiz o
esforço que me ditou a consciência e espero que a nação em que vai viver já
seja melhor e mais forte do que aquela que encontrei.
Cordialmente,
Juscelino Kubitschek
João Pessoa, 12 – 2 – 72”
Carta escrita por Juscelino Kubitschek para Linê
Autógrafo de JK
Linê e o filho Antonio Júnior no Pico do Papagaio, em Triunfo - PE,
ao fundo Princesa na Paraíba.
Referências Bibliográficas
CIVITA,
Victor. Geografia Ilustrada.
São Paulo: Abril Cultural. 1971, v. 2.
______. Juscelino
Kubitschek. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Juscelino_Kubitschek>.
______.
Lúcio Costa. Disponível em: https://www.google.com.br/#q=l%C3%BAcio+costa.
______.
Sara Kubitschek. Disponível
em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sarah_Kubitschek.
______.
Plano piloto de Brasília. Disponível em:
< http://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_Piloto_de_Bras%C3%ADlia>.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Lembre-se: a palavra é uma arma.
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.