Eu me chamo Antonio

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

JK no carnaval da Parahyba

Fala-se que Brasília nasceu da vontade de um Presidente, da concepção de um urbanista e do talento de um arquiteto. Fala essa que não me parece de todo, ter sido atestada pela história.

Os inconfidentes mineiros, no final do século XVIII, já especulavam em transferir a capital do país do Rio de Janeiro para São João Del Rey e embora fracassada essa tentativa, seguiram-se outras no período colonial.  Um pouco antes da Independência, em 1821, José Bonifácio de Andrada e Silva recomendou que se erguesse uma cidade no interior do Brasil para assentar a Corte e a Regência, e aí surgiu pela primeira vez o nome da nova capital, Brasília, que sem o acento grave significa "Brasil" em latim. 

Um século mais tarde, em 1992, com o centenário da Independência do Brasil, surgiram novas esperanças. Cumprindo um decreto do Presidente Epitácio Pessoa, lançou-se no sete de setembro a pedra fundamental comemorativa do inicio das obras da nova capital do país, próximo a atual cidade de Planaltina, contudo, as obras não prosseguiram.

Somente em 1946, a nova constituição determinou que se criasse uma comissão de estudos para fazer a transferência do poder.  Empregando técnicas modernas, duas expedições foram enviadas ao planalto central e comprovaram as condições favoráveis da região. Em 1954, o paraibano Marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, irmão de João Pessoa e sobrinho de Epitácio Pessoa, foi convidado pelo presidente Café Filho para ocupar a presidência da Comissão de Localização da Nova Capital Federal, encarregada de examinar as condições gerais de instalação da cidade a ser construída. Foi o homem responsável pela escolha do local exato onde hoje se ergue Brasília.

Finalmente, assumindo o governo em janeiro de 1956, o presidente Juscelino Kubitschek propôs entre outras coisas, o início imediato das obras de construção da capital. Brasília, portanto é mais do que um conjunto arquitetônico de grande beleza plástica, mas o antigo sonho de gerações de brasileiros que se tornou realidade no dia 21 de abril de 1960, marcando o encerramento do ciclo político administrativo do litoral vigente no Brasil desde os primeiros tempos da colonização.

Brasília constitui uma experiência bem sucedida e bem brasileira. A cidade foi planejada e desenvolvida pelo urbanista Lúcio Costa, vencedor em 1957 do concurso para o projeto urbanístico da nova capital, e pelo arquiteto Oscar Niemeyer. O formato da área é popularmente comparado ao de um avião, comparação rejeitada pelo seu idealizador, o qual defendeu a tese de que a capital federal pudesse ser comparada a uma borboleta. Na verdade, a cidade teve sua forma inspirada pelo sinal da cruz. O plano piloto partiu de dois elementos básicos, os eixos que se cruzavam em ângulo reto formando uma cruz, gesto primário de quem assinala um lugar ou dele toma posse.  O eixo rodoviário, arqueado e disposto no sentido Norte – Sul e o eixo Monumental, na direção Leste – Oeste. Marco da arquitetura e urbanismo modernos, Brasília é detentora da maior área tombada do mundo, 112,25 km² e foi inscrita pela UNESCO na lista de bens do Patrimônio Mundial em sete de dezembro de 1987.

Foi numa manhã de sábado, mas não um sábado qualquer, era um sábado de carnaval lá pelos idos dos anos de chumbo, no começo da década de 1970. Dona Linê, muito enxerida como sempre foi, tomou conhecimento de que o mineiro e ex-presidente Juscelino Kubistchek estava hospedado no recentemente inaugurado Tropical Hotel Tambaú, localizado na famosa praia da cidade de João Pessoa, na Paraíba. Não teve dúvidas, moradora da cidade, chamou seu marido Antonio, aquele que era o proprietário da Casa dos Vaqueiros, para incomodar o ilustre hóspede e ícone de muitas gerações de brasileiros. E lá se foram os dois, no seu fusquinha Volkswagen cor de laranja, para a recepção do elegante hotel.

Pois o que se sucedeu foi que ao invés de serem tratados como um importuno infortúnio, pelo contrário, foram mesmo recebidos e atendidos na recepção do hotel. O funcionário prontamente interligou para as dependências de JK informando que um casal de jovens paraibanos, seus fãs diga-se de passagem, gostariam de cumprimentá-lo. JK poderia ter-se esquivado da situação, mas generosamente recebeu-os. Ordenou que o recepcionista permitisse a entrada dos dois tietes paraíbas até os seus aposentos e da sua senhora, dona Sara Kubistchek. Do improvisado encontro não restaram fotos, mas ficou um legado certamente muito maior e mais importante do que meros retratos de recordação, o qual passo a reproduzir em seguida.

“À presadissima Linê, deixo aqui a homenagem de patrício que lutou para realizar um sonho de várias gerações, reproduzida nas páginas deste livro, com o conteúdo sobre Brasília.

Oxalá Deus continue dando à obra que pude concretizar a mesma significação que tem, atualmente, isto é, o avanço e a conquista das terras desnudas do nosso país.

Para os jovens, como você, fiz o esforço que me ditou a consciência e espero que a nação em que vai viver já seja melhor e mais forte do que aquela que encontrei.

Cordialmente,

Juscelino Kubitschek

João Pessoa, 12 – 2 – 72”


Carta escrita por Juscelino Kubitschek para Linê



Autógrafo de JK


Linê e o filho Antonio Júnior no Pico do  Papagaio, em Triunfo - PE,
ao fundo Princesa na Paraíba.



Referências Bibliográficas

CIVITA, Victor. Geografia Ilustrada. São Paulo: Abril Cultural. 1971, v. 2.

WIKIPÉDIA. Brasília. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Bras%C3%ADlia>.

______. Juscelino Kubitschek. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Juscelino_Kubitschek>. 

______. Lúcio Costa. Disponível em: https://www.google.com.br/#q=l%C3%BAcio+costa.

______. Oscar Niemeyer. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Oscar_Niemeyer.

______. Sara Kubitschek. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sarah_Kubitschek.

______. Plano piloto de Brasília. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Plano_Piloto_de_Bras%C3%ADlia>.





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