Diletos leitores,
eu sou Antonio Leite Júnior, médico veterinário com mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos e Biólogo pela Universidade Federal da Paraíba. Agora, faço Bacharelado em Ciências das Religiões também na UFPB. Conheço o inglês, o espanhol e um pouco o alemão. Na verdade o blog é seu, pois será você quem lê meus artigos, comenta sobre o que escrevo e gostará ou não de minhas postagens.
Inspirado em um super-herói
das estórias de quadrinhos, o homem por trás da máscara não é um vingador
justiceiro que dispara armas de fogo, sedento de justiça com as próprias mãos. Antes
disso, o mascarado é um romântico e simpático sorridente cavalheiro do tipo
Zorro cheio de boas intenções, mas diferente do espadachim, desprovido de
qualquer ingenuidade. O misterioso V, o prisioneiro da cela cinco, identificada
na porta pela escrita em algarismos romanos, é muito menos um vingador contra
aqueles que no passado desfiguraram o seu rosto e muito mais uma alma com ideais
de justiça e liberdade. Seu poder são essas ideias de liberdade e justiça que
traduzidas em palavras, se tornam armas poderosas. Sim, nenhuma dúvida paira de
que a palavra pode ser uma arma, mesmo quando ela não é usada como um grito de liberdade,
ou como um triste lamento contra a repressão ou ainda quando é usada para
justificar a violência daqueles que acreditam poderem assim, cercear outros que
desrespeitosamente a usam sob a égide da liberdade de expressão.
A
trama imaginária do filme acontece em Londres entre os anos de 2028 e
2038, quando o mundo está em crise e
em guerra; onde domina um governo totalitário que manipula os meios de
comunicação, usando a mídia como veículo para controlar o pensamento das
pessoas e formar suas opiniões. Os Estados Unidos não são mais uma superpotência e vive uma guerra civil, enquanto uma pandemia mortal do "vírus de Santa Maria" assola a Europa. O Reino Unido permanece como um dos poucos países estáveis sob o regime fascista e totalitário do partido Fogo Nórdico (Norsefire), comandado pelo Alto Chanceler Adam Sutler. Opositores políticos, homossexuais e outros "indesejáveis"
são presos e enviados para campos de concentração. Evey Hammond, uma jovem
que trabalha na rede estatal de televisão britânica, sofre uma tentativa de
estupro por membros da polícia secreta, conhecidos como "Fingers", os homens dedo, mas é salva por
um mascarado que se identifica apenas como "V".
V a leva até um telhado para que assista a destruição do edifício Old Bailey que ele provocou. O governo explica o incidente como uma "demolição de
emergência", porém, V interrompe as transmissões da televisão estatal para assumir a responsabilidade pelo ato. Ele incita o povo britânico a se levantar contra seu governo e encontrá-lo
em um ano, no dia 5 de novembro, em frente às Casas do Parlamento, edifício que ele
promete destruir nessa data. Evey ajuda V a escapar da sede da emissora de TV,
mas é nocauteada no processo.
V leva
Evey para seu covil, a Galeria das Sombras, onde diz que ela deve ficar
escondida até o dia 5 de novembro, a Noite de Guy Fawkes ou
noite das fogueiras (Bonfire Night),
do ano seguinte. Depois de saber que V está assassinando funcionários do
governo, Evey foge para a casa de seu chefe, o comediante e apresentador de “Talk Show” Gordon Deitrich. Em retribuição por
Evey ter confiado sua segurança a ele, Deitrich revela uma coleção de materiais
proibidos pelo governo, como pinturas subversivas, um Alcorão antigo e fotografias homoeróticas de Robert Mapplethorpe. Deitrich, que é
homossexual, explica que ele tem de esconder sua orientação sexual para manter
a sua carreira na televisão. Depois que Gordon faz uma sátira do governo em seu
programa, a sua casa é invadida por agentes do governo e Evey é capturada
enquanto tentava escapar. Ela é presa e torturada por dias, com o objetivo de
obter informações sobre o paradeiro de V; seu único consolo aparece quando ela
encontra em sua cela bilhetes escritos por uma outra prisioneira, uma atriz
chamada Valerie Page, que foi presa por ser homossexual.
Evey é
comunicada de que será executada a menos que dê informações que levem
a identificação ou localização do codinome V, mas ela afirma que prefere morrer
e é imediatamente liberada. Nesse momento lhe é revelado que a sua prisão e
tortura foram encenações criadas pelo próprio V como um exercício para
libertá-la de seus medos. Embora as anotações lidas por ela sejam reais e tenham
sido passadas por Valerie a V anos antes, quando ele estava preso. Embora Evey
inicialmente odeie V pelo o que ele fez com ela, ela percebe que é uma pessoa
mais forte do que era antes da prisão. Ela deixa V com a promessa de voltar
antes do dia 5 de novembro.
O
inspetor Finch, chefe de polícia da "Scotland Yard" procura a verdadeira identidade de V em um antigo programa de armas biológicas do governo em um centro de
detenção para desvios sociais e dissidentes políticos. Finch finalmente percebe
que o programa, dirigido pelo então subsecretário Adam Sutler, resultou na
criação do "vírus de Santa Maria" e de sua disseminação durante um ataque terrorista de falsa bandeira contra a população civil. A
morte de 80 mil pessoas e o medo resultante disso permitiu que o partido Fogo
Nórdico alcançasse apoio popular suficiente para ganhar as eleições seguintes,
depois de silenciar toda a oposição e transformar o Reino Unido em um Estado policial totalitário.
Conforme
o dia 5 de novembro se aproxima, a distribuição de milhares de máscaras de Guy Fawkes por V começa a provocar o caos no Reino Unido e a população começa a questionar
o governo do Fogo Nórdico. Na véspera do dia 5, Evey visita V, que mostra a ela
um trem carregado de explosivos para destruir o Parlamento no sistema do metrô de Londres. Ele deixa Evey decidir se
usará ou não os explosivos, acreditando ser incapaz de tomar tal decisão. V sai
para falar com Creedy, o chefe da polícia secreta, fazendo um acordo com esse para
entregar o Alto Chanceler em troca de sua rendição. Quando o policial executa Shulter
na presença de V, o mascarado se recusa a retirar sua máscara e se render e é fuzilado
pelos guarda costas do chefe da policia secreta. Mas consegue sobreviver graças
a uma armadura escondida embaixo de sua roupa, e com suas armas brancas executa
Creedy e todos os seus homens.
Mortalmente ferido, V retorna para Evey para agradecê-la e admite que está
apaixonado por ela antes de morrer em seus braços.
Enquanto
Evey coloca o corpo de V a bordo do trem, ela é encontrada pelo inspetor Finch. Sabendo da corrupção do governo, o
inspetor não impede que Evey envie o trem para o Parlamento. Em seguida, milhares
de pessoas trajadas como V marcham até o Parlamento para assistir à explosão.
Com o Alto Chanceler e chefe da polícia secreta mortos, não há mais governo e
os militares se tornam impotentes em meio a revolta civil. Acompanhado pela Abertura 1812 de Tchaikovsky, o Parlamento e o Big Ben explodem enquanto Evey e Finch olham. Finch então pergunta a Evey qual era a identidade
de V, e ela responde: "Ele era Edmond Dantés (O Conde de Monte Cristo), era meu pai, minha mãe, meu irmão, meu amigo. Ele
era eu, era você, era todos nós.
Dos mesmos criadores de
Matrix, V de Vingança
- V for Vendetta - é um filme de
temática anarquista lançado em 2006, dirigido por James Mc Teigue. O filme trata de temas
como a homossexualidade, religião, totalitarismo, islaminofobia e terrorismo. V, o mascarado é encenado por Hugo Weaving, enquanto Natalie
Portman vive Evey Hammond, uma garota que como todo jovem é um tanto rebelde, mas trabalhadora
e fiel cumpridora dos seus deveres como cidadã. John Hurt vive o Alto Chanceler
Adam Sutler. Stephen Fryinterpreta Gordon Deitrich, um homossexual enrustido e apresentador de TV. Tim
Pigott-Smith faz Peter Creedy o líder do partido Fogo Nórdico e chefe da polícia
secreta da Grã-Bretanha, a “Finger”. Stephen Rea como Eric Finch é o inspetor de
polícia em perseguição por V e que durante a sua investigação descobre um crime
cometido pelo governo. No elenco também John Standing como Anthony James
Lilliman, um bispo corrupto e Sinéad Cusack como Dra. Delia Surridge, a ex-médica chefe do centro de detenção que se torna uma
médica legista. Natasha Wightman interpreta Valerie Page, uma atriz lésbica presa por sua orientação sexual e Imogen
Poots interpreta Valerie quando adolescente. O filme cria paralelos com a obra “O
Conde de Monte Cristo” de Alexandre Dumas onde o herói também escapa de uma prisão
injusta e traumática e passa décadas se preparando para fazer vingança contra
os seus opressores sob uma nova personalidade e com “O Fantasma da Ópera” de
Gaston Leroux que também usa máscaras para esconder suas deformações, controla
os outros através de suas
ideias e tem um passado trágico sendo por isso sedento de vingança.
A máscara do herói V é uma efígie de Guy Fawkese tornou-se um símbolo para ativistas contrários aos regimes
autoritários em todo o mundo, como o grupo de piratas da internet “Anonymous”, Guy
Fawkesou como ele mesmo preferia Guido Fawkes,
foi um soldado inglês católico e especialista
em explosivos que participou na "Conspiração da Pólvora" (Gunpowder
Plot), um levante planejado por católicos insatisfeitos que pretendiam
restaurar o poder da Igreja Católica na Inglaterra, assassinando o rei protestante Jaime I e os membros do Parlamento inglês durante uma sessão
em 1605. Os
conspiradores pretendiam explodir o Parlamento utilizando trinta e seis barris
de pólvora estocados sob o prédio e Guy Fawkes seria responsável pela detonação
da pólvora. Como o ato levaria também à morte diversos inocentes e defensores
da causa católica, esses foram avisados para manterem-se distantes do
parlamento no dia do ataque. Aconteceu que o aviso chegou aos ouvidos do rei e uma revista no prédio foi realizada, sendo Guido encontrado guardando a
pólvora. Descoberta a conspiração e interrogado sob tortura, Fawkes cedeu
e entregou oito conspiradores. Ele e os demais conspiradores foram condenados à
morte por decapitação e seus corpos estripados e esquartejados, mas antes de
ser conduzido ao local de execução, ele conseguiu se livrar dos guardas e
pular de uma escada, quebrando o pescoço. Seu corpo foi esquartejado e exposto
publicamente junto com o dos outros conspiradores e sua captura é celebrada na
Inglaterra até o dia de hoje na "Noite das Fogueiras" (Bonfire
Night), celebrada em 5 de novembro. Até hoje, nessa noite bonecos de Fawkes são levados às ruas, agredidos,
despedaçados e por fim queimados.
Até
hoje, o rei ou rainha da Inglaterra vão ao parlamento apenas uma vez no ano
para uma sessão especial, sendo mantida a tradição de se revistar os
subterrâneos do prédio, antes da sessão. Sarcasticamente, Fawkes mantém no
reino o título de ser "o único homem que entrou no parlamento com
intenções honestas". Uma rima tradicional foi criada em alusão à Conspiração da
Pólvora:
"Lembrai,
lembrai, o cinco de novembro A pólvora, a traição e a
conspiração; Não conheço nenhuma razão para que a traição de pólvora; Deva ser esquecida algum dia."
Fala-se que Brasília nasceu da
vontade de um Presidente, da concepção de um urbanista e do talento de um
arquiteto. Fala essa que não me parece de todo, ter sido atestada pela história.
Os inconfidentes mineiros, no
final do século XVIII, já especulavam em transferir a capital do país do Rio de
Janeiro para São João Del Rey e embora fracassada essa tentativa, seguiram-se
outras no período colonial. Um pouco
antes da Independência, em 1821, José Bonifácio de Andrada e Silva recomendou
que se erguesse uma cidade no interior do Brasil para assentar a Corte e a
Regência, e aí surgiu pela primeira vez o nome da nova capital, Brasília, que sem o acento grave significa "Brasil" em latim.
Um século mais tarde, em 1992,
com o centenário da Independência do Brasil, surgiram novas esperanças. Cumprindo um
decreto do Presidente Epitácio Pessoa, lançou-se no sete de setembro a pedra
fundamental comemorativa do inicio das obras da nova capital do país, próximo
a atual cidade de Planaltina, contudo, as obras não prosseguiram.
Somente em 1946, a nova
constituição determinou que se criasse uma comissão de estudos para fazer a
transferência do poder. Empregando
técnicas modernas, duas expedições foram enviadas ao planalto central e
comprovaram as condições favoráveis da região. Em 1954, o paraibano Marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, irmão de João Pessoa e sobrinho de Epitácio Pessoa, foi convidado pelo
presidente Café Filho para ocupar a presidência da
Comissão de Localização da Nova Capital Federal, encarregada de examinar as
condições gerais de instalação da cidade a ser construída. Foi o homem responsável pela escolha do local
exato onde hoje se ergue Brasília.
Finalmente, assumindo o governo
em janeiro de 1956, o presidente Juscelino Kubitschek propôs entre outras
coisas, o início imediato das obras de construção da capital. Brasília,
portanto é mais do que um conjunto arquitetônico de grande beleza plástica, mas
o antigo sonho de gerações de brasileiros que se tornou realidade no dia 21 de
abril de 1960, marcando o encerramento do ciclo político administrativo do
litoral vigente no Brasil desde os primeiros tempos da colonização.
Brasília constitui uma experiência bem sucedida e bem brasileira. A cidade
foi planejada e desenvolvida pelo urbanistaLúcio
Costa, vencedor em 1957 do concurso para o projeto urbanístico da nova
capital, e pelo arquitetoOscar
Niemeyer.O formato da área é
popularmente comparado ao de um avião, comparação rejeitada pelo seu
idealizador, o qual defendeu a tese de que a capital federal pudesse ser
comparada a uma borboleta. Na verdade, a cidade teve sua forma inspirada pelo
sinal da cruz.O plano piloto partiu de dois elementos básicos, os eixos
que se cruzavam em ângulo reto formando uma cruz, gesto primário de quem
assinala um lugar ou dele toma posse. O eixo rodoviário, arqueado e
disposto no sentido Norte – Sul e o eixo Monumental, na direção Leste – Oeste. Marco
da arquitetura e urbanismo modernos, Brasília é detentora da maior área tombada
do mundo, 112,25 km² e foi inscrita pela UNESCO na lista de bens do Patrimônio
Mundial em sete de dezembro de 1987.
Foi numa manhã de sábado, mas não
um sábado qualquer, era um sábado de carnaval lá pelos idos dos anos de chumbo,
no começo da década de 1970. Dona Linê, muito enxerida como sempre foi, tomou
conhecimento de que o mineiro e ex-presidente Juscelino Kubistchek estava
hospedado no recentemente inaugurado Tropical Hotel Tambaú, localizado na
famosa praia da cidade de João Pessoa, na Paraíba. Não teve dúvidas, moradora da
cidade, chamou seu marido Antonio, aquele que era o proprietário da Casa dos Vaqueiros, para incomodar
o ilustre hóspede e ícone de muitas gerações de brasileiros. E lá se foram os dois,
no seu fusquinha Volkswagen cor de laranja, para a recepção do elegante hotel.
Pois o que se sucedeu foi que ao
invés de serem tratados como um importuno infortúnio, pelo contrário, foram mesmo
recebidos e atendidos na recepção do hotel. O funcionário prontamente interligou
para as dependências de JK informando que um casal de jovens paraibanos, seus fãs diga-se de passagem, gostariam de cumprimentá-lo. JK poderia ter-se esquivado da
situação, mas generosamente recebeu-os. Ordenou que o recepcionista permitisse a entrada dos dois
tietes paraíbas até os seus aposentos e da sua senhora, dona Sara Kubistchek. Do
improvisado encontro não restaram fotos, mas ficou um legado certamente muito
maior e mais importante do que meros retratos de recordação, o qual passo a
reproduzir em seguida.
“À presadissima Linê, deixo aqui
a homenagem de patrício que lutou para realizar um sonho de várias gerações,
reproduzida nas páginas deste livro, com o conteúdo sobre Brasília.
Oxalá Deus continue dando à obra
que pude concretizar a mesma significação que tem, atualmente, isto é, o avanço
e a conquista das terras desnudas do nosso país.
Para os jovens, como você, fiz o
esforço que me ditou a consciência e espero que a nação em que vai viver já
seja melhor e mais forte do que aquela que encontrei.
Cordialmente,
Juscelino Kubitschek
João Pessoa, 12 – 2 – 72”
Carta escrita por Juscelino Kubitschek para Linê
Autógrafo de JK
Linê e o filho Antonio Júnior no Pico do Papagaio, em Triunfo - PE,
ao fundo Princesa na Paraíba.
Referências Bibliográficas
CIVITA,
Victor.Geografia Ilustrada.
São Paulo: Abril Cultural. 1971, v. 2.
Aqui
nas terras dos Tabajaras, conta-se a boca pequena que na década de 1980, quando
Tisuka Yamasaki resolveu reconstituir a estória da vida de Anayde Beiriz, procurou
o então Governador do Estado Tarcísio de Miranda Burity, em busca de apoio para
o seu trabalho. O governador, no entanto, reafirmando o famoso “Nego” da
bandeira paraibana desautorizou que as filmagens das cenas particularmente da posse e do funeral do emérito paraibano fossem realizadas no Palácio da Redenção e na Praça João Pessoa, situados no centro da
cidade. Talvez por isso, ou quem sabe por vingança, a cineasta decidiu
personificar o personagem do criador de “A Bagaceira”, considerado o ponto de
partida do novo romance regional brasileiro, José Américo de Almeida, que no
governo de João Pessoa era Secretário Estadual do Interior e mão direita do presidente
João Pessoa - lembrando que na época os governadores de estado eram tratados
por presidente - na pele de um sósia de Tarcísio Burity. As cenas do
filme foram então rodadas na Praça da
República e no Palácio do Campo das Princesas em Recife, Pernambuco. Diga-se
ainda de passagem que os restos mortais do ilustre paraibano só retornaram do
Rio de Janeiro para a Paraíba sessenta e sete anos depois, em 1997, no governo de José Targino Maranhão,
quando foi erguido um mausoléu nos jardins do Palácio da Redenção para
recebê-los.
Foi em 1928, época em que Carlos Pessoa era Deputado Estadual e não pôde ser candidato
a presidente da Paraíba - o que era o desejo de Epitácio Pessoa - pois Carlos
Pessoa era pernambucano de nascimento e a constituição da Paraíba permitia que apenas os filhos natos do estado pudessem ser candidatos ao governo do estado, escolheu então Epitácio Pessoa para indicar ao Governo da Paraíba, o seu sobrinho João Pessoa, a quem
dedicava grande estima e confiança.
O
assassinato de João Pessoa foi para Epitácio um desses golpes terríveis que
oprimem as almas dos mais fortes. Em carta que enviou a Europa para o seu amigo
Otacílio Montenegro, expressava: “A morte de João Pessoa feriu-me duplamente,
como parente que nele tinha o mais dedicado amigo, e como brasileiro que não
pode dissimular a vergonha ao ver o país governado por essa mentalidade de
cangaceiro que preparou e amparou o ambiente de que saiu o crime”. Tamanha era a
audácia do coronel José Pereira do município de Princesa na Paraíba, que ousou
durante os conflitos com o governador decretar o “Território Livre de Princesa”
o que significava a independência do município em relação ao Estado da Paraíba,
sendo a partir daquele momento diretamente subordinado ao Governo Federal. O “Território Livre de Princesa” ganhou projeção nacional
e internacional com suas leis próprias, hino, bandeira, jornal próprio,
ministros e até um "exército" formado por um bando de cangaceiros. Até mesmo Lampião foi convidado pelo delegado de polícia de Piancó para lutar contra o coronel Zé Pereira, enquanto a imprensa norte americana
através da “Times” dedicou uma longa matéria a respeito do novo território. Na
verdade, João Pessoa buscava impedir que a produção agrícola
do sertão do estado fosse escoada para o porto de Santa Rita no Recife, no
intuito de favorecer a economia do estado, recolhendo os tributos para viabilizar o porto de Cabedelo, na Paraíba, acabando de vez com a secular submissão
da Paraíba ao estado vizinho de Pernambuco, a qual remonta aos tempos da capitania de Itamaracá.
Muitos
se questionam, por causa da música de Luiz Gonzaga, “Paraíba”, se a Paraíba
seria mesmo uma terra infestada de mulheres dadas ao lesbianismo, sapatões para
ser explícito, terra de mulher macho, seguidoras e defensoras abnegadas da badalada “Queer
Theory”; idealizada por sociólogos, professores, teóricos críticos de
literatura e gênero, filósofos políticos e psicanalistas e defendida com
veemência por feminazistas, vadias em marcha e PhDs de países anglófonos, a
exemplo da doutora Barbara Baird; os quais pensam as mulheres se transformando
num macho mal acabado. Explico para os menos avisados que nada disso procede.
Em verdade vos digo, o sanfoneiro certamente se inspirou na história heróica do
lugar, marcada desde a sua conquista por muitas investidas e lutas. Foram necessárias
cinco expedições portuguesas para a conquista das terras da Paraíba, bravamente
defendidas pelos índios Tabajaras e Potiguaras, até que em 1585, um acordo
feito entre o cacique Tabajara Pirajibe, o “Braço de Peixe” com os portugueses,
possibilitasse que esses tomassem posse das terras à direita da margem do rio
Sanhauá. Fato que permitiu a fundação da vila de Nossa Senhora das Neves e a
expulsão dos franceses, os quais amigos e aliados dos Potiguaras traficavam o Pau
Brasil.
Afora
essa história de guerra, mais tarde em 1929, quando imperava a “política do
café com leite” e alternadamente um presidente da república era paulista e
o seu sucessor mineiro, o então Presidente da República Washington Luis cismou
de romper com esse pacto indicando outro paulista para a sua sucessão à
presidência do Brasil, o comunista Júlio Prestes. João Pessoa então negou o apoio à candidatura
de Julio Prestes apoiando o gaúcho Getúlio Vargas. Aqui nasce o famoso "Nego" que está escrito na bandeira do estado. No ano seguinte, no dia 26 de julho de 1930, ainda
antes da realização das eleições, João Pessoa é assassinado por João Duarte Dantas
na confeitaria Glória, localizada na cidade do Recife, capital do estado de
Pernambuco, por motivos de honra e passionais.
O
pudor na Paraíba na década de 1920 era tamanho que certa vez, Monsenhor
João Batista Milanês, num surto de absoluto puritanismo, proibiu que rapazes e
moças se falassem no intervalo entre as aulas, fixando no centro da Praça do Jardim
Público entre o Liceu Paraibano, escola tradicionalmente de rapazes e a Escola
Normal freqüentada por moças, uma linha imaginária a qual denominou de “linha
da decência”. Para que se cumprisse a esdrúxula e escalafobética ordem,
designou um guarda bem armado, Antonio Carvalho de Menezes, o conhecido “guarda
33”, cabra afoito de autoridade subalterna intransigente. Em 22 de setembro
de 1923, o estudante Sadi Castor Correa Lima, aluno do Liceu, ao sair da aula
com os colegas para encontrar-se com a namorada, Ágaba Gonçalves de Medeiros,
tentou atravessar a tal linha imaginária sendo então interpelado pelo policial
de confiança do monsenhor. Teve aí origem uma ávida discussão entre eles que
culminou com a morte do rapaz, atingido por um tiro no peito, deferido pelo
guarda 33. Dias depois, em desespero, a moça enamorada do rapaz suicidou-se.
Estava salva a decência da família paraibana à custa da vida desses dois
jovens.
Seja
como for, a morte de João Pessoa aconteceu quando o país vivia um momento
político com muitas divergências e serviu como estopim para a eclosão da Revolução
de 1930, a qual conduziu Getúlio Vargas ao poder pela primeira vez. A morte de João
Pessoa marca o fim da República Velha e o começo da Nova República. Até hoje, a
bandeira da Paraíba, vermelha e preta ilustrada com a palavra “NEGO’, retrata
sua história de luta, sangue e luto e que persegue o pequeno lugar desde os tempos
coloniais. Por fim, com a revolução muitas das pessoas envolvidas no episódio político e passional estariam mortas em pouco tempo. João
Dantas ao que contam cometeu suicídio na prisão e Anayde supostamente
envenenou-se, tendo sido enterrada no cemitério de Santo amaro, no Recife, como
indigente, sem pai nem mãe, sem trabalho, sem domicílio e sem lugar de
nascimento, como consta na certidão de óbito Nº 2585.
Apesar
do exagero feminista do filme com muitas cenas da vida íntima dos dois amantes,
o que pouco diminui a grandeza e riqueza da sua criação, “Parahyba Mulher
Macho” continua sendo um filme histórico inédito, atual, moderno e que entrete
e desperta a reflexão e admiração de todos os que amam as artes
visuais. O filme traz entre outras
coisas a excelente atuação de Walmor Chagas no papel de João Pessoa, da
cantora e atriz Tânia Alves interpretando Anayde Beiriz, de Cláudio Marzo vivendo o seu amante e
companheiro confidente João Dantas, além das extraordinárias participações de Grande Otelo, Bráulio Tavares e José Dumont.
Referências bibliográficas
ALBUQUERQUE, Epitácio Pessoa Cavalcanti
de. João Pessoa – O sentido de uma vida
e de uma época. João Pessoa: Acauã. 1979. 210 p.
A baleação é prática antiga, os mais arcaicos registos conhecidos de baleação são pinturas rupestres entalhadas em rochas do sul da Coreia com cerca de 8000 anos de idade. Dentro das 200 milhas marinhas brasileiras já foram oficialmente registradas a presença de 44 espécies de cetáceos, sendo oito espécies de misticetos e 36 espécies de odontocetos, representando 51,7% das espécies em âmbito mundial. Na verdade, baleias são mamíferos marinhos, classificadas biologicamente na ordem Cetacea, junto com os botos e golfinhos. A ordem dos cetáceos está subdividida em duas subordens: os Mysticeti e os Odontoceti. Os misticetos são baleias que apresentam barbatanas e os odontocetos, baleias que possuem dentes. As baleias misticetos apresentam como principais características o crânio simétrico e um par de orifícios respiratórios ou espiráculos situados no alto da cabeça. Os machos são um pouco menores do que as fêmeas. Alimentam-se basicamente de krill, copépodos e pequenos peixes e em geral são solitárias, exceto nas áreas de reprodução e alimentação. Realizam migrações, desde as suas áreas de alimentação até as áreas de reprodução e cria.
No Brasil, a pesca, caça ou captura de baleias, como queira, teve seu início em 1602 no Recôncavo Baiano e durou até o final da década de 1980, no século XX. No passado, pela grandeza do porte do animal, as baleias foram também chamadas de “peixe real”. As baleeiras saíam para o mar em grupos de quatro a seis, acompanhadas de lanchas de socorro, movidas a remo. Tratava-se de uma caçada de alto risco e por isso após a missa, o padre abençoava os barcos e instrumentos e os pescadores se despediam de seus parentes. Em 1730 foram erguidas as primeiras armações, as unidades de beneficiamento dos produtos da baleia, no litoral de Santa Catarina e São Paulo. A tática desenvolvida por pescadores para a captura da baleia Franca (Eubaelena australis) era simples: para atrair a baleia mãe, prendiam seu filhote junto ao barco. Na tentativa de proteger o baleote, a baleia mãe se aproximava da embarcação e era arpoada, em seguida, o seu filhote também era morto. Por volta de 1750, em apenas em uma armação chegava-se a capturar cerca de 500 baleias numa temporada de pesca.
Como a primeira pessoa no mundo preocupada com as técnicas empregadas na pesca da baleia, o estadista José Bonifácio de Andrada e Silva, no ano de 1790 em Memória publicada nos Anais da Academia Real das Sciencias de Lisboa denunciou: “deve certo merecer grande contemplação a perniciosa prática de matarem os baleotes de mama, para assim arpoarem as mães com maior facilidade. Têm estas tanto amor aos seus filhinhos, que quase sempre os trazem entre as barbatanas para lhes darem leite; e se porventura lhes matam, não desamparam o lugar, sem deixar igualmente ávida na ponta dos arpões: é seu amor tamanho, que podendo demorar-se no fundo da água por mais de meia hora sem vir a respirar acima, e escapar assim ao perigo, que as ameaça, folgam antes expor a vida para salvarem a dos filhinhos, que não podem estar sem respirar por tanto tempo. Esta ternura das mães facilita sem dúvida a pesca (...). É fora de toda a dúvida, que se matando os baleotes de mama vem a diminuir-se a geração futura; pois que as baleias só parem de dois em dois anos um único filho; morto o qual perecem com ele todos os seus descendentes (...). De fato, a atividade baleeira em São Paulo e Santa Catarina entrou em decadência na década de 1830.
Até meados do século XIX o óleo de baleia era o principal produto e o objetivo da atividade baleeira no Brasil, pois uma baleia fornece cerca de 50% de seu peso em óleo. O “azeite de peixe”, como também era conhecido, era usado principalmente para iluminação do século XVI até o século XIX, assim o óleo de baleia foi fundamental às atividades noturnas nos engenhos de cana de açúcar. Nos curtumes o óleo era usado para a laminação do couro que adquire maior flexibilidade e resistência evitando que se torne ressecado e rachado e na indústria têxtil na lubrificação e aumento da resistência de fios especiais. Além disso, o óleo foi amplamente usado na argamassa das construções no litoral do Brasil. Prestava-se ainda para outro uso, o farmacêutico. Preparado em emulsões era conhecido como “óleo de fígado de bacalhau”, apesar de ser extraído de um mamífero. Purificado, o óleo servia para beber e era considerado um depurativo para o sangue no combate a doenças graves, sobretudo nas crianças. Também se passava o óleo nas feridas e nos cabelos. As barbatanas, o aparelho de cerdas filtradoras de alimentos existentes na boca das baleias, eram vendidas para fabricação de espartilhos e os seus ossos aproveitados na confecção de produtos como pentes, botões, móveis e artefatos de decoração. A carne das baleias era, no entanto naquela época, consumida pelos mais pobres e escravos. Contudo, o óleo dos cetáceos perdeu sua importância econômica com o advento de outras fontes de energia. Com a descoberta do petróleo na Pensilvânia em 1859, surge através de destilação o querosene, substituindo o óleo de baleia na iluminação. De fato, a primeira campanha conservacionista contra a captura de baleias foi estimulada pelas empresas refinadoras de petróleo, dispostos a assegurar o mercado do querosene para a iluminação pública e doméstica. Assim, parece que todos os grandes movimentos têm origem fundamentalmente no interesse econômico e adicionalmente no interesse político. A economia e a política andam de mãos dadas, comandando e intervindo na estrutura social e na orientação das massas. Nas últimas décadas do século XIX, as técnicas de pesca foram aprimoradas com o desenvolvimento do canhão arpão com explosivo e o navio fábrica. O óleo passa então a ser usado na fabricação de lubrificantes para engrenagens, breu para calafetagem de navios, na produção de gelatinas, glicerina, tintas e vernizes, fabricação de velas, sabões, margarinas, cosméticos e extração da vitamina A.
No final século XIX, com a revolução industrial e a concorrência de expedições britânicas, americanas, japonesas, russas e norueguesas, que vinham caçar baleias na costa brasileira, a atividade decaiu. Porém, no início do século XX voltou a crescer, com o funcionamento de importantes estações baleeiras espalhadas pelo litoral brasileiro na praia de Costinha, município de Lucena na Paraíba; no município de Cabo Frio, estado do Rio de Janeiro e no município de Imbituba, em Santa Catarina. Em 1912 foi criada a Companhia de Pesca do Norte do Brasil (COPESBRA) e nessa época a empresa pertencia a grupos do Brasil, França e Noruega. No entanto, a partir de 1958 a empresa sediada na praia de Costinha, Paraíba, tornou-se nipo-brasileira quando o senhor Samuel Galvão adquiriu 60% das ações e obteve o controle acionário da empresa. Oficialmente considerada brasileira, a empresa era subsidiária da Nippon Reiko Kabushiki Kaisha que detinha 40% das ações e operou em águas brasileiras até 1987, quando houve a proibição da pesca. Enquanto para os defensores das baleias, o funcionamento da estação baleeira de Costinha, representava uma ameaça de extinção aos vários tipos de baleias que vinham do polo sul em busca das águas quentes do litoral nordestino; para a população de Lucena a caça dos cetáceos significava uma importante fonte de renda e emprego. No auge da temporada de pesca, a indústria chegava a empregar 600 pessoas, de tripulantes dos barcos, ao pessoal responsável pelo corte da carne, retirada do óleo, ossos e barbatanas, além da equipe de armazenamento e conservação dos produtos. O trabalho seguia de domingo a domingo, com as embarcações partindo de Costinha antes do nascer do sol e só retornando pela noite. A indústria da caça de baleias funcionava 24 horas e grande parte dos produtos derivados das baleias pescadas em águas paraibanas era exportada. Em João Pessoa, capital da Paraíba, a carne de baleia era comercializada nos açougues do Mercado Central. Nos mais de 70 anos de atividade, as tripulações dos barcos da estação baleeira caçaram algo em torno 20 mil baleias, segundo dados da própria COPESBRA. A quantidade de baleias caçadas durante a estação de caça ou temporada de pesca de baleias que ocorria entre os meses de julho a dezembro variava, inicialmente eram 300 exemplares e essas cotas foram subindo para 500, 700, 900 exemplares, chegando a atingir um mil e cem animais capturados numa única estação. Por outro lado, a empresa que cumpria as suas obrigações legais, previdenciárias, tributárias e que nunca foi autuada por inadimplência fiscal ou por infringência à lei, declarou que as cotas foram fielmente cumpridas e se restringiam a 600 exemplares a cada ano nos derradeiros anos em que a captura foi permitida. A população explorável de baleias nas costas do Estado da Paraíba foi avaliada pelo comitê científico da Comissão Internacional da Baleia (CIB), nas reuniões de 1984 e 1985 em 22. 873 exemplares adultos. Essa avaliação já considerava os fatores de segurança em relação à mortalidade natural e acidental, bem como a incidência proporcional de fêmeas na captura. Era fato público e notório a permanente fiscalização exercida pela Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE), pela divisão de pescado do departamento de Inspeção e Industrialização de Produtos de Origem Animal (DIIPOA) do Ministério da Agricultura e o acompanhamento constante dos pesquisadores e coletores de amostras biológicas destinadas ao Centro de Pesquisas e Extensão Pesqueira do Nordeste (CEPENE) com sede na praia de Tamandaré, litoral sul de Pernambuco, como também para o Laboratório de Biologia Comparada da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Certamente, qualquer afirmação contrária implicaria em culpar ou acusar todos os referidos órgãos acima citados de omissão, conivência ou desaparelhamento na vigilância e proteção da atividade na costa da Paraíba. Inicialmente, as espécies mais caçadas foram a Baleia Sei ou Baleia Espardarte (Balaenoptera borealis), a Baleia Jubarte, Baleia de Corcova ou Baleia Preta (Megaptera novaeangliae) e a Baleia Fin ou Baleia Rorqual Comum (Balaenoptera physalus). Com a intensificação da caça e a rarefação dessas espécies, a captura dessas baleias foi internacionalmente proibida e a Baleia Minke ou Baleia Anã (Balaenoptera acutorostrata) tornou-se o alvo principal da atividade pesqueira. Apesar de mais raras, outras espécies de baleias também foram caçados na costa paraibana, a exemplo do Cachalote (Physeter catodon) e da Baleia Azul (Balaenoptera musculus).
Em 20 de dezembro de 1985, o presidente José Sarney assinou o Decreto Lei Nº 92.185 que previa uma moratória à caça de baleias no Brasil por cinco anos. Em 21 de fevereiro de 1986, foi aprovada a primeira legislação brasileira especialmente direcionada a proteção dos cetáceos, ainda que incluísse apenas os odontocetos. Em 18 de dezembro de 1987, essa legislação foi estendida, através da Lei Federal Nº 7.643, sancionada pelo então presidente da República José Sarney e que proíbe a pesca de cetáceos ou qualquer forma de molestamento intencional de toda espécie de cetáceos nas águas jurisdicionais brasileiras, prevendo ainda a aplicação de pena de dois a cinco anos de reclusão e multa para os infratores, garantindo dessa forma o fim da caça comercial de baleias. Em 17 de dezembro de 2008, o então Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva declarou com a finalidade de reafirmar o interesse nacional no campo da preservação e proteção de cetáceos e promover o uso não letal das suas espécies, as águas jurisdicionais marinhas brasileiras Santuário de Baleias e Golfinhos do Brasil, através do Decreto Nº 6.698. O decreto estabelece ainda que ficam permitidos a pesquisa científica e o aproveitamento turístico ordenado, nos termos da legislação em vigor e que a União promoverá, por meio dos canais diplomáticos e de cooperação competentes, a atuação do país nos foros internacionais, a articulação regional e internacional necessária a promover a integração em pesquisa e outros usos não letais dos cetáceos no Santuário de Baleias e Golfinhos do Brasil, bem como buscará a conservação dessas espécies no âmbito da bacia oceânica do Atlântico Sul. Assim, além de proteção, a medida busca incentivar o turismo de observação desses animais, que é uma lucrativa forma de uso não letal. A criação do santuário procurou ainda proteger as baleias e os golfinhos da poluição sonora dos oceanos, causada por sonares e pelo tráfego de embarcações.
Relata-se que mais de dois milhões de baleias foram caçadas no século XX. O auge da caçada mundial de cetáceos ocorreu em 1961, quando 70 mil exemplares foram abatidos. O primeiro santuário internacional de baleias foi estabelecido pela CIB criada em 1946 e protegeu as baleias até 1955 quando, sob pressão da indústria baleeira devido à redução de capturas na Antártica, foi extinto. A área cobria um quarto do Oceano Antártico, entre a América do Sul e a Nova Zelândia. O Brasil se integrou a esta Comissão em 1974. Em 1979, a CIB concordou em estabelecer um Santuário de Baleias no Oceano Índico, protegendo as baleias nas suas áreas de reprodução e de amamentação de filhotes. Em 1986, uma moratória sobre a caça comercial foi imposta a todos os países membros da CIB, apesar disso, a indústria baleeira japonesa apresentou ao mundo o argumento de caça científica para a captura dos animais, defendendo que o objetivo é reunir informações sobre o tamanho e a estrutura das populações desses mamíferos. A Noruega, por sua vez, não aceitou a moratória e manteve a caça comercial de 500 baleias expressando o desejo de ampliá-la para 2000 exemplares de Baleias Minke por ano. A Islândia, que também praticava a caça às baleias, retirou-se da CIB em 1992. Em 1994, a CIB estabeleceu o Santuário de Baleias no Oceano Antártico. Na reunião da CIB de 1998, foram apresentados os planos para a criação de mais dois santuários. O Santuário de Baleias do Pacífico Sul, sugerido pela Austrália e Nova Zelândia, e o Santuário de Baleias do Atlântico Sul, sugerido pelo Brasil e que se estende da linha do Equador até o limite de 40ºS, onde começa o Santuário Antártico. Na ocasião ambas as propostas não foram aceitas. A proposta brasileira de criação do Santuário do Atlântico Sul que engloba, além das águas internacionais, o litoral brasileiro e africano voltou a ser votada na 55ª Reunião Anual da Comissão Internacional da Baleia, realizada em junho de 2003 em Berlim, Alemanha, obtendo a maioria dos votos a favor, mas novamente não foi aprovada, por que não alcançou os ¾ dos votos necessários. A proposta obteve 24 votos a favor e 19 contra, com três abstenções.
Recordo que quando ainda era uma criança, no início da década de 1970, visitei a estação baleeira e presenciei a chegada durante a noite do único barco de pesca da empresa, o baleeiro Cabo Branco, trazendo amarradas penduradas pela cauda, de cada lado da embarcação, três exemplares do que agora sei eram Baleias Minke, totalizando seis exemplares capturados na caçada do dia. Atualmente, a estação baleeira está abandonada, o cais de madeira onde antes atracavam os barcos, agora está vazio e o maquinário usado para arrastar os enormes mamíferos está entregue a deterioração causada pelo tempo. Os argumentos de ordem sócio econômica ou de que existem critérios técnicos e científicos para o exercício moderado da indústria baleeira, paralelamente as providências conservacionistas são rejeitados categoricamente, tornando-se impossível ou inviável estabelecer qualquer tipo de diálogo ou demonstrar que é possível conciliar os dois interesses. Para os conservacionistas, as baleias devem ser deixadas livres nos oceanos para a contemplação dos seus admiradores, deixando assim de ser um recurso natural renovável para se transformar em um animal sagrado. As empresas e comunidades relacionadas às atividades pesqueiras oceânicas, defendem que exageram nas medidas de fatores de segurança adotados, sob o pretexto de que não se deve permitir a em nenhuma hipótese, a mais remota possibilidade de danos irreparáveis a quaisquer das espécies existentes, sob a égide de que isso conduziria inevitavelmente ao extermínio e falência de suas atividades. De fato, o cerceamento da atividade de pesca de baleias na costa da Paraíba, resultou em desemprego, paralisação do crescimento econômico do município de Lucena, redução da oferta de proteína oferecida através da carne do animal numa área carente e impediu o prosseguimento das avaliações, pesquisas biológicas, análises comportamentais e outros estudos em andamento. Ademais se considerando que nenhuma alternativa econômica de trabalho e renda foi oferecida para a população local em substituição a exploração desse privilegiado recurso natural renovável. Hoje, o que se percebe são a pobreza e decadência da população nativa pela quase completa ausência do fluxo turístico que a caça de baleias proporcionava, além do abandono e a nenhuma atenção do poder público pela memória do muito pouco que restou. Enquanto isso, distantes da costa em mar profundo, as baleias continuam nadando livremente, bem longe do olhar curioso e atento de qualquer visitante ou turista que inadvertidamente, alimente a quimera ilação de poder ao menos de longe, bem distante, poder visualizá-las. Mas, de tudo permanece um alento: as baleias continuam por lá!
A Igreja de Nossa Senhora da Guia é
obra dos religiosos que pertenciam à Ordem de Nossa Senhora do Carmo, que
chegaram à Paraíba em 1591, tendo um papel importante na catequização dos
indígenas locais. Localizada em Lucena, no Estado da Paraíba, data dos fins do
século XVI e situa-se estrategicamente em cima de um platô a menos de um
quilômetro de distância da foz do rio Soé. Construída em estilo denominado
barroco tropical é para o historiador Percival Tirapeli, a igreja que contém o
maior altar construído em pedra calcária do Brasil. Apresenta desenhos
extravagantes, como as figuras popularmente conhecidas como os anjos
deformados. Há também em profusão na fachada, coroas, cetros, armas do Império
Colonial Português além de uma caveira em pedra calcária. É um dos mais
representativos monumentos da arquitetura colonial na Paraíba, tombada pelo
IPHAEP desde 1949. No local realiza-se anualmente a «Festa da Guia», um festejo
com partes profana e religiosa, envolvendo toda a comunidade local. (WIKIPÉDIA).